Cidade da Praia, 17 Nov (Inforpress) - A psicóloga Elisângela Canuto destacou hoje, na cidade da Praia, por ocasião do Dia Mundial da Tolerância, os desafios de ser “excessivamente tolerante”, enfatizando que isto pode afectar o bem-estar psicológico das pessoas.
Em declarações à Inforpress, a especialista explicou que enquanto a tolerância é essencial para a convivência saudável ela também pode se tornar prejudicial quando leva ao autoanulação e ao desrespeito ao próprio ponto de vista.
"Precisamos entender o limite do outro e respeitar o ponto de vista do próximo, mas a tolerância se torna algo negativo quando passa a nos anular, quando começamos a negligenciar nossas próprias crenças e necessidades para agradar o outro", afirmou Elisângela Canuto.
“Isso já é considerado mau porque a um dado momento vai acabar por nos afectar, por nos prejudicar, porque estamos sempre a deixar de lado o que nós pensamos, o que nós idealizamos para podermos relacionar bem com o outro”, completou.
A especialista destacou que num cenário de desequilíbrio entre tolerância e intolerância a falta de autoconfiança e a supressão dos próprios sentimentos podem levar a questões emocionais graves, como ansiedade e baixa autoestima.
Por isso, Elisângela Canuto chamou atenção aos desafios enfrentados por quem tenta ser excessivamente tolerante, especialmente em situações em que a assertividade seria necessária.
Ela explicou que indivíduos que não aprendem desde a infância a defender seu ponto de vista podem crescer com dificuldades em argumentar ou estabelecer limites.
Esse processo de autos supressão pode ter consequências negativas na fase adulta, prejudicando a saúde emocional e os relacionamentos interpessoais.
"Se uma criança é constantemente ensinada a agradar aos outros, sem a habilidade de negociar e expressar sua opinião, ela pode desenvolver inseguranças e problemas emocionais na vida adulta. A falta de habilidades para lidar com conflitos pode trazer dificuldades significativas para o seu desenvolvimento pessoal", acrescentou.
A psicóloga também enfatizou a importância da prevenção desde a infância, sugerindo que pais, educadores e instituições de ensino trabalhem intencionalmente no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como argumentação saudável, empatia e respeito mútuo.
"A formação dessas competências deve começar na infância, criando adultos mais equilibrados, capazes de lidar com as diferenças de maneira construtiva", aclarou Elisângela Canuto.
Para aqueles que já estão na fase adulta e enfrentam dificuldades para lidar com a tolerância de maneira equilibrada, a psicóloga recomendou busca de ajuda profissional e aproveitamento das oportunidades de aprendizado que a vida oferece.
"O autoconhecimento é fundamental, e procurar ajuda quando necessário é um passo importante para superar desafios emocionais", afirmou.
Por outro lado, a psicóloga referiu que a prática da tolerância pode ser uma fonte de inspiração e transformação ao longo de toda a vida.
"Uma pessoa que se dedica a ser tolerante e busca constantemente crescer nessa habilidade colherá frutos em seu comportamento diário, seja no trabalho, na escola ou em casa", finalizou.
TC/AA
Inforpress/Fim
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