Dados nacionais da VBG não podem ficar ancorados a exercícios estatísticos, ICIEG

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Dados nacionais da VBG não podem ficar ancorados a exercícios estatísticos, ICIEG
25/11/25 - 02:47 pm

Cidade da Praia, 25 Nov (Inforpress) – A presidente do ICIEG, Marisa Carvalho, defendeu hoje que os dados nacionais da violência baseada no género (VBG) não podem ficar ancorados a exercícios estatísticos, que pela sua robustez e complexidade, não permite uma realização frequente.

“A sua importância, pelas consequências reais e directas que acarreta não só as vítimas, mas toda a sociedade, exige-lhe um exercício estatístico autónomo e periódico, pelo que apelamos às entidades internacionais, principais financiadoras do Sistema Estatístico Nacional, que nos ajudem neste quesito”, solicitou Marisa Carvalho, lembrando o início, hoje, o primeiro dos 16 dias de activismo pelo fim da violência contra mulheres e meninas.

Este apelo deve-se ao facto de os dados mais recentes da violência baseada no género serem referentes a 2018, o que exige do Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), aquando da análise dos dados anuais, articular-se com os dados das denúncias da Polícia Nacional, os administrativos internos da instituição através dos centros de apoio às vítimas, da linha de apoio VBG, e dos casos existentes no Ministério Público.

“Os dados oficiais que existem no país são de 2018. Na altura, e fazendo a comparação com os dados anteriores que são de 2005, uma em cada cinco mulheres acima dos 15 anos tinha sido vítima de violência. Em 2018 uma em cada dez, portanto diminuiu em 50 por cento (%) essa prevalência de violência”, esclareceu, solicitando que os dados sejam feitos de forma mais regular, de preferência, anualmente.

Marisa Carvalho referiu ainda que a violência não é apenas a física, mas também a psicológica, patrimonial, a digital, que infelizmente, tem sido uma realidade cada vez mais presente na sociedade cabo-verdiana.

Neste âmbito, avança sobre a necessidade de se explicar às pessoas o que é violência, o que é aceitável, o que é normal ou não numa relação quer seja amorosa, de amizade, familiar ou de trabalho.

“As violências são exercidas, infelizmente, em diversos contextos e por diversos intervenientes. É necessário identificar e explicar às pessoas o que é violência, que tipos de violência existem e as suas consequências”, disse.

“Normalmente o foco é sempre na mulher, mas o homem também sofre com estereótipos e com estas questões da própria violência. Todos em conjunto temos de trabalhar esta temática porque todos somos frutos da sociedade e, infelizmente, continuamos a perpetuar estereótipos que continuam a perpetuar estas situações de violência”, precisou, apelando à desconstrução destas temáticas para a construção de uma sociedade mais justa e, principalmente, livre de violência.

Com 16 Dias de Activismo contra a Violência contra Mulheres e Meninas, a ONU Mulheres está investindo em informação para combater a violência digital e proteger milhões ameaçadas na internet por agressores e criminosos, por intimidação, “deepfakes”, fotos e dados íntimos e pessoais divulgados sem consentimento.

Para a directora-executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, “o que começa online não fica online. O abuso digital transborda para a vida real, espalhando medo, silenciando vozes e, nos piores casos, levando à violência física e ao feminicídio”.

PC/HF

Inforpress/Fim

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