Cidade da Praia, 19 Jun (Inforpress) – A coordenadora do Programa Nacional de Segurança Transfusional (PNST), alertou hoje para a gravidade da Doença Falciforme no país, destacando que se trata de uma patologia genética grave e dolorosa, que deve ter um diagnóstico precoce.
O alerta foi feito por Conceição Pinto, em declarações à imprensa, à margem da 2ª Jornada Nacional sobre a doença falciforme, promovida pelo Ministério da Saúde e pelo Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) no âmbito do Dia Internacional de consciencialização sobre a doença.
“É uma doença genética, portanto as pessoas nascem com essa doença. É uma doença muito grave, as pessoas sofrem muito, porque além da anemia, tem a obstrução dos vasos, fazem infartos, têm muitas crises dolorosas”, afirmou.
Conforme explicou, até recentemente o diagnóstico da doença era feito no exterior, o que representava custos elevados para as famílias.
“Fazer exame fora do país implica custos para os doentes e para os familiares. Daí a importância de termos meios no país”, sublinhou, informando que já foi implementado o exame no HUAN e que em breve será também instalado no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente.
Pinto anunciou ainda que está em fase de preparação o programa nacional de rastreio de recém-nascido que, em princípio, será para o final deste ano e início do próximo ano.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração do HUAN, Evandro Monteiro, considerou que a realização da jornada, mais do que um momento científico, representa o reflexo de um compromisso com a inovação e a melhoria contínua na resposta clínica.
“Esta iniciativa representa mais do que um momento de actualização científica. É, acima de tudo, a expressão clara de um serviço comprometido com a excelência, com a inovação diagnóstica e com a melhoria contínua da resposta clínica às doenças hematológicas e, em particular, à doença falciforme”, declarou.
Evandro Monteiro realçou o investimento feito no serviço de hematologia do hospital, com a aquisição de equipamento de electroforese da hemoglobina, que permitiu elevar a capacidade de diagnóstico local.
Informou ainda que está em fase de aquisição um novo equipamento de hemograma exclusivo para o serviço, o que permitirá “reduzir o tempo de espera e melhorar a capacidade de resposta em situações agudas”.
Em Cabo Verde sabe-se que a doença falciforme é mais prevalente nas ilhas do sotavento, especialmente em Santiago.
Dos cerca de 140 casos conhecidos mais de 90% encontram-se inscritos na consulta de Hematologia do HUAN, podendo existir casos não identificados, principalmente em Santiago e nas ilhas com grande imigração de pessoas provenientes do continente africano.
A doença falciforme é uma hemoglobinopatia genética hereditária caracterizada pela produção de uma hemoglobina anormal, conhecida como hemoglobina S (HbS) que provoca deformação dos glóbulos vermelhos, conferindo-lhes a forma de foice, provocando obstrução dos vasos sanguíneos, redução do fluxo de sangue para diferentes partes do corpo e sua destruição prematura.
Esta condição leva a complicações graves tais como anemia hemolítica crónica, crises vaso-oclusivas, dores agudas, danos em órgãos e aumento de susceptibilidade a infecções.
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Inforpress/Fim
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