Cidade da Praia, 22 fev (Inforpress) – A professora Maria Luísa Ferro Ribeiro destacou hoje o falecido Presidente António Mascarenhas como “um homem construtor da democracia em Cabo Verde”, e pediu a preservação do seu legado.
Maria Luísa Ferro Ribeiro, que foi professora de António Mascarenhas Monteiro e conviveu de perto com ele também quando exercia o cargo de Chefe de Estado Cabo-verdiano, foi a convidada do Presidente da República, José Maria Neves, para dissertar sobre vida de saudoso enquanto “homem estadista”, numa sessão de homenagem que assinalou os 80 anos do seu nascimento.
A conferencista realçou o papel que Mascarenhas Monteiro teve na transição do monopartidarismo para o sistema democrático, afirmando que houve uma aceitação quase que completa da mudança, graças à acção dele como homem, que dialogou com todos.
“Conseguiu abarcar toda a população, promoveu as relações institucionais que foram excelentes, às relações com a oposição. Depois o trabalho dele com a população, em que ele explica de forma simples o que é que se esperava desse regime democrático”, disse a professora.
Maria Luísa Ferro Ribeiro indicou como ponto fundamental que marcou a presença de António Monteiro como estadista a questão da transição pacífica com a promulgação da Constituição da República
Por outro lado, destacou a sua postura como Presidente da República, que extravasava o papel político de um Chefe de Estado.
“O papel dele não era de político, segundo ele próprio dizia, mas era servir o país, servir povo cabo-verdiano na diáspora ou residente, servir a nação, servir o Estado. Portanto, a concessão dele era que a democracia exigia maior engajamento possível e a participação de toda a população”, disse.
Conforme adiantou outro eixo que marcou a sua ação como Presidente da República é a questão da austeridade, da contenção das despesas, já que dizia que um país pobre, como Cabo Verde, era preciso saber conter os recursos e principalmente olhar para as pessoas menos favorecidas.
Maria Luísa Ferro Ribeiro salientou ainda que António Mascarenhas Monteiro foi o primeiro Presidente da República que condecorou efectivamente os homens da cultura, desde os pré-claridosos até os actuais.
A conferencista realçou o seu papel na projecção de Cabo Verde no cenário internacional, com acções de estreitamento das relações de Cabo Verde com o mundo e, sobretudo, com o continente africano.
“Como legado deixado destaco principalmente o papel dele como um homem construtor da democracia, um homem zelador da justiça, um homem sobretudo coerente. Ele morreu, mas o legado dele vai continuar para além das fronteiras do tempo”, reforçou
Recordar que a biblioteca da Presidência da República passa a agora a chamar-se de “Biblioteca Presidente António Mascarenhas Monteiro”.
Nascido a 16 de Fevereiro de 1944, Mascarenhas Monteiro faleceu em Setembro de 2016 aos 72 anos de idade.
MJB/JMV
Inforpress/fim
Partilhar