
Cidade da Praia, 12 Nov (Inforpress) – A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) promove hoje, e durante dois dias, um seminário internacional “Repensar o Género a partir da África”, que procura recentrar o debate sobre o género nas experiências e dinâmicas africanas.
Em declarações à imprensa no âmbito da abertura do evento, a directora do Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF) da Uni-CV, Carmelita Silva, explicou que a iniciativa surgiu de uma discussão com vários países como Brasil, Portugal, Espanha e outros da Europa, onde a abordagem de género é ainda muito voltada para o binarismo.
“Então, a nossa ideia de trazer essa discussão para a Universidade de Cabo Verde, para a África, de uma forma geral, é, sobretudo, tentar trazer uma abordagem que vê para a África, vê os seus problemas, as suas dinâmicas, as suas experiências”, esclareceu.
A ideia, acrescentou, é tentar trazer uma abordagem de género muito mais plural, mais diversa, e uma abordagem essencialmente centrada nos problemas da África.
Durante os dois dias, o seminário reúne investigadores, académicos e activistas de diferentes países para debater temas como género e diáspora, território, feminilidade e masculinidade, violência de género e interseccionalidade.
“Esperamos, essencialmente, contribuir para a promoção da igualdade de género no contexto de Cabo Verde, no contexto da África e, sobretudo, transformar as pessoas, os seus comportamentos, as suas práticas, no sentido de promover a igualdade e a equidade de género no contexto da África, de uma forma geral”, afirmou.
Na sua perspectiva, o debate sobre o género ainda é dominado por uma visão binária e hierárquica que tende a colocar a mulher sempre na condição de vítima.
Contudo, sublinhou que no contexto africano há uma centralidade muito grande na figura da mulher, sustentando que trazer essa discussão desde uma perspectiva binária visa tirar a mulher dessa dimensão mais central nas discussões de género.
A presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), Mariza Carvalho, por sua vez, louvou a iniciativa afirmando que iniciativas do tipo são formas de complementar, não só o conhecimento como também reforçar as medidas da instituição.
“Para nós tudo aquilo que é realizado, tendo em conta a melhoria do debate a volta de género, nós agradecemos, porque acreditamos que estes dois dias irão trazer novas abordagens, novas formas de trabalhar os conceitos, que só irão complementar também a forma como nós fazemos política e como abordamos estas temáticas”, disse.
Lembrou que Cabo Verde ainda segue, em grande parte, modelos ocidentais de pensamento e de sociedade, para quem esta conferência representa uma oportunidade para complementar e reforçar as políticas nacionais com uma perspectiva africana sobre o género.
ET/HF
Inforpress/Fim
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