Cidade Velha: Moradores pedem mais condições e criticam actuação do IPC na preservação do património

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Cidade Velha: Moradores pedem mais condições e criticam actuação do IPC na preservação do património
24/06/25 - 01:50 pm

Cidade da Praia, 24 Jun (Inforpress) – Moradores da Cidade Velha, Património Mundial da Humanidade, pediram hoje melhores condições de vida e criticam a actuação do Instituto do Património Cultural (IPC), apontando falta de investimentos concretos na melhoria da qualidade de vida do centro histórico.

Em declarações à Inforpress, a artesã conhecida por Nonó afirmou que, apesar de algumas melhorias na cidade, é necessário criar melhores condições para os moradores, sobretudo da Rua de Banana, tendo em conta o seu valor histórico.

“Muitas áreas dentro da cidade precisam de melhorias. Eu moro na Rua Banana, lugar histórico. A calçada foi retirada e colocada de novo, mas ainda há muito por fazer. Moramos em casas de palha e nós, que vivemos nessas casas, deveríamos ter mais conforto para sentirmos parte deste património”, sublinhou.

Para a artesã, não basta apenas “colocar palha no telhado” de cinco em cinco anos, comparando com a cidade da Praia, que, conforme constatou, “se desenvolveu muito”.

“Aqui também precisamos de mudanças. Então é só colocar palhas nas casas de cinco a seis anos? As paredes da Rua Banana precisam de intervenção. As pessoas devem ter algum conforto dentro das suas casas”, defendeu, afirmando que é preciso lançar um olhar para a Cidade Velha.

Neste momento, revelou, a água nem chega todos os dias às casas e nem há oportunidades para juventude.

Também Joel Almeida, guia turístico local, manifestou preocupações com a falta de condições básicas e criticou o desempenho do Instituto do Património Cultural (IPC), responsável pelo património.

Segundo o guia, a Cidade Velha, sendo a primeira cidade do país e Património Mundial da Unesco, “não tem registado qualquer desenvolvimento significativo”.

“Quem mais tem feito algo é a câmara municipal, mas o IPC tem bloqueado muitas acções. Trabalhei na Fortaleza, e vi o dinheiro que o IPC arrecada ali: quase 15 mil contos por ano, sem contar quando chegam os cruzeiros. E não vejo nada que o IPC tenha feito em benefício da Cidade Velha”, criticou. 

Joel Almeida denunciou ainda “o estado de degradação de alguns monumentos”, que, segundo ele, “nem se consegue ler os quadros informativos em português, tal é o nível de deterioração”.

Apontou ainda que há moradores a viver em casas com o tecto a cair, por isso pediu às autoridades competentes que foquem mais no povo da Cidade Velha e lhes proporcionem melhores condições.

“Preservar o património também é dar dignidade às pessoas”, frisou, ressaltando que o papel do IPC deveria ser mais interventivo.

“A câmara quer fazer, mas se o IPC não autoriza, não há como avançar. Basta ver a estrada de acesso à Cidade Velha, que está em más condições. E esta é a primeira capital do país”, alertou, apontando ainda a fraca iluminação pública.

“As pessoas que visitam a cidade nem imaginam o que realmente se passa aqui. Entra muitos recursos para a Cidade Velha, mas nota-se que muitos municípios do país estão mais desenvolvidos”, finalizou.

TC/AA

Inforpress/Fim

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