Cidade Velha com ganhos assinaláveis no turismo volvidos 16 anos como Património Mundial da Unesco – IPC

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Cidade Velha com ganhos assinaláveis no turismo volvidos 16 anos como Património Mundial da Unesco – IPC
25/06/25 - 01:15 am

Cidade da Praia, 25 Jun (Inforpress) - A presidente do Instituto do Património Cultural (IPC) considerou hoje que a Cidade Velha teve ganhos “assinaláveis” no crescimento do sector turístico, passando de seis a 65 mil turistas por ano, nesses 16 anos de elevação a Património Mundial. 

Ana Samira Baessa fez estas considerações, em entrevista à Inforpress, em jeito de balanço do percurso da Cidade Velha como Património Mundial da Unesco, declarada no dia 26 de Junho de 2009.

Além dos ganhos em termos de recuperação do sítio, das ruínas, dos monumentos e a preservação da urbe ao longo desses 16 anos, a presidente do IPC apontou também ganhos no domínio da hotelaria, restauração e número de visitantes.

Segundo afirmou, antes da primeira capital cabo-verdiana ser elevada a Património Mundial, recebia seis mil turistas por ano e volvidos 16 anos desta classificação recebe anualmente 65 mil turistas.

Considerou que isto é um ganho para esta localidade, porque, conforme explicou, trouxe mais emprego e oportunidades tanto para a população da Cidade Velha, como também, de outras zonas do município e da cidade e da Praia.

Destacou ainda ganhos a nível da consciência da população em relação a esta cidade, sublinhando que as pessoas estão mais conscientes da importância da Cidade Velha como património cultural.

Samira Baessa acrescentou igualmente, que a população da Cidade Velha tem feito um esforço “extraordinário” para manter o sítio preservado, considerando que os moradores locais são os “principais guardiões” do sítio património mundial.

“Acredito que a população está disponível a colaborar ainda mais neste processo, mas é preciso também que as autoridades façam este trabalho de tentar encontrar alternativas ou de responder de forma positiva às necessidades da população, particularmente nesta questão da habitação”, precisou.

Aquela responsável apontou ainda, que após a classificação da Cidade Velha como Património Mundial, esta localidade recebeu inúmeras oportunidades de financiamento de projectos de desenvolvimento e de preservação dos monumentos, financiados pelos organismos internacionais, com “impactos extraordinários”.

“A elevação da Cidade Velha a Património Mundial é um ganho incontornável”, sublinhou Samira Baessa, assinalando que a pesar destes ganhos que são visíveis e crescentes, a gestão do património mundial também se coloca perante inúmeros desafios.

“Em todos os sítios do Património Mundial há sempre ganhos e há sempre desafios. E em relação aos desafios, há sempre a questão da participação das comunidades residentes nos sítios classificados, e na Cidade Velha tem sido uma questão recorrente”, desabafou.

Um dos grandes desafios destacados também por Samira Baessa versa a questão de uma nova abordagem em relação à reabilitação do património, com a integração do património cultural na perspectiva do desenvolvimento local e de atender às demandas da população, em termos de espaços e equipamentos de lazer, de acessibilidade e de iluminação.

Com isso, explicou que é preciso que se faça intervenções que possam reflectir a Cidade Velha com uma paisagem viva e dinâmica que tem esta componente histórica extraordinária, mas que tem uma vivência actual com contexto turístico em crescimento.

Neste sentido, avançou que há projectos estruturantes que estão a ser implementados neste momento e que seguramente vão reforçar todo esse trabalho de recuperação que foi feito, mas também que vai valorizar a componente desta localidade na sua dinâmica.

“Acredito que o projecto de requalificação urbana e ambiental da Cidade Velha, que é um projecto financiado pelo Governo de Cabo Verde através do Banco Mundial e do Fundo do Turismo, no valor de mais de 300 mil contos, vai contribuir para introduzir essa transformação que faltava à Cidade Velha”, afirmou.

Este projecto abrange diversos bairros da Cidade Velha e visa melhorar a acessibilidade, a iluminação, a interpretação histórica e criar novos espaços de lazer e contemplação, no sentido de garantir a qualidade de vida da população local e aqueles que visitam o sítio histórico.

O Largo do Pelourinho, o Complexo da Misericórdia, a Estrada Central da Cidade Velha, a estrada que liga a Fortaleza de São Filipe, o bairro de São Pedro até a zona do Convento, e o caminho vicinal da Ribeira são as principais áreas de intervenção.

Cidade Velha foi descoberta pelo navegador português Diogo Gomes em 1460, sendo que o italiano António da Noli deu início ao povoamento da localidade, dois anos mais tarde. Foi também a primeira capital do arquipélago de Cabo Verde, até 1770.

DG/ZS

Inforpress/Fim

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