Cidade da Praia, 22 Abr (Inforpress) - O secretário executivo da Comissão Nacional Cabo-verdiana da Memória do Mundo afirmou hoje que a inscrição de documentos sobre a escravidão no Registo Internacional da Unesco é “um privilégio”, mas também “uma grande responsabilidade” para Cabo Verde.
José Évora, falava em conferencia de imprensa na Praia para abordar sobre a inscrição dos documentos sobre escravidão no Fundo no Registo Mundial de Memória da Unesco, ressalvou ainda a importância de garantir a preservação dos documentos e o seu acesso mundial, tanto para a comunidade académica como para o público em geral.
“Fazer parte de património da humanidade é um privilégio, mas também uma responsabilidade de Cabo Verde”, reforçou, tendo em conta que, continuou, a Unesco certamente estará ciente como é que essas instituições de custódia vão agora lidar com este património em matéria da sua melhor preservação e maior divulgação para facilitar o seu acesso, não apenas em Cabo Verde, não apenas em África, mas que o seu acesso seja garantido a nível mundial.
Conforme avançou José Évora, o trabalho para alcançar esta nomeação começou em 2020, com a criação do Comitê Nacional Cabo-verdiano da Memória do Mundo, um dos programas da Unesco que visa preservar e divulgar patrimónios documentais de importância global.
O comité é composto por várias instituições de Cabo Verde, incluindo o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional, o IPC e universidades como a Universidade de Cabo Verde e a Universidade Privada de Cabo Verde.
Em 2023, a Unesco abriu o ciclo de candidaturas para o Registo Internacional de Memória do Mundo referente ao período 2023-2025.
Dentre as candidaturas recebidas, duas foram aprovadas, a primeira referente a documentos sobre a escravidão sob a custódia do Arquivo Nacional de Cabo Verde, e a segunda, uma candidatura conjunta entre Cabo Verde, Angola e Moçambique, que inclui 79 livros de registro de escravos datados de 1856.
Os documentos sobre a escravidão, que foram incluídos na candidatura de Cabo Verde são de “grande relevância” histórica.
Eles incluem informações sobre a abolição do tráfico negreiro e a Comissão Mística Luso-Britânica que foi criada na Ilha da Boa Vista em 1842 para promover a abolição da escravidão.
A candidatura, segundo José Évora, também inclui cartas de liberdade concedidas pelo Governo da Província de Cabo Verde.
A Unesco reconheceu a importância destes documentos, não apenas para Cabo Verde e África, mas para toda a humanidade.
Por seu lado, o presidente do Instituto do Arquivo Nacional de Cabo Verde, José Maria Borges, sublinhou a relevância desta inscrição, destacando que "somente um número reduzido de documentos fazem parte deste registo mundial", o que reforça a importância da contribuição de Cabo Verde para o preservar da história global da escravidão.
A inscrição também representa uma responsabilidade acrescida para o país, que agora tem o compromisso de preservar e divulgar esses documentos para as futuras gerações, ampliando o acesso ao mundo acadêmico e à sociedade global.
A partir de agora, Cabo Verde trabalhará na criação de um plano de gestão e difusão para garantir o acesso global aos documentos, assegurando que o país continue a desempenhar um papel de destaque na preservação do património documental mundial.
TC/AA
Inforpress/Fim
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