Lisboa, 24 Nov (Inforpress) – A Assembleia Popular dos Bairros, promovida hoje pelo Movimento Vida Justa, discutiu problemas e soluções, tendo aprovando um plano de acção que inclui uma “grande marcha dos bairros” em Março de 2025 e várias iniciativas comunitárias.
O plano de acção foi resultado do encontro, em plenário e em grupos de trabalho, sobre os problemas, soluções e formas de luta contra as desigualdades e injustiças nos bairros periféricos da Área Metropolitana de Lisboa, que decorreu das 10:00 às 19:00, no Bairro Padre Cruz, freguesia de Carnide.
“A Assembleia Popular dos Bairros convoca a grande marcha dos bairros e um processo de trabalho bairro a bairro que terminará numa nova Assembleia Popular dos Bairros de forma a aprofundar a capacidade de juntar as pessoas dos territórios populares para conseguirem conquistar uma vida melhor”, indicou o Movimento Vida Justa no documento distribuído no final do encontro.
De acordo com a mesma fonte, essa grande marcha dos bairros, a ser realizada durante o mês de Março de 2025, vai percorrer os territórios populares da Área Metropolitana de Lisboa, com manifestações e acções políticas, explicando que vai divulgar as propostas saídas dessa primeira Assembleia Popular dos Bairros.
“Cerca de 300 pessoas de dezenas de bairros de todo o país que estiveram reunidas, consideram a assembleia um instrumento de construção do poder popular e a organização dos bairros”, referiu, frisando como outro ponto do plano de acção, uma campanha para acabar com as Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS) e a organização de um campeonato de futebol dos bairros para reivindicar espaços de desporto.
O movimento pretende também mobilizar as populações pelo direito a habitação e contra os despejos, lutar por creches e espaços verdes nos bairros e a criação de uma rádio, jornal e ‘mixtape’ dos bairros, por considerar que a informação, a cultura e a luta têm um papel importante na nessa luta.
Durante o encontro, um grupo de crianças também realizou uma “assembleia de crianças”, onde apresentou o plano “O nosso bairro feliz”, com o que consideram que uma pessoa precisa ter para ter uma vida justa, como “ter direito à liberdade, alegria e lealdade”, “ter uma vida normal e sem racismo”, “ter casa, menos lugares abandonados e parques com árvores”.
A Assembleia Popular dos Bairros aconteceu um mês depois da morte do cabo-verdiano Odair Moniz, 43 anos, morador no bairro de Zambujal, município de Amadora, após ter sido baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), no bairro da Cova da Moura, no mesmo município, no dia 21 de Outubro.
A morte do Odair Moniz desencadeando incidentes em vários bairros da Área Metropolitana de Lisboa, sendo que também esta quinta-feira, 21, a família do malogrado apresentou queixa contra a PSP por abuso de poder, considerando ter havido a invasão policial de uma casa em luto, uns dias após a morte do cabo-verdiano, e da qual diz terem resultado danos psicológicos e materiais.
Por isso, o encontro foi uma oportunidade para as pessoas expressarem a sua indignação em relação à “violência da polícia contra pessoas negras, marginalizadas e racializadas”, sempre com slogan “Nu sta djuntu, nu sta forte” (Estamos juntos, estamos fortes, em português).
O encontro de hoje encerra mais de dois meses de assembleias de moradores e reuniões com associações de bairros de linha de Sintra, de Loures e da Margem Sul, nas zonas populares onde residem milhares de cabo-verdianos e cidadãos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
DR/CP
Inforpress/Fim
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