Lisboa, 24 Nov (Inforpress) – O Movimento Vida Justa que hoje organiza uma assembleia popular dos bairros, no Bairro Padre Cruz, propõe terminar um encontro com um plano de acção para combater as desigualdades e injustiças, nomeadamente na vertente da violência policial.
Um mês depois da morte do cabo-verdiano Odair Moniz, depois de ter sido baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), no bairro da Cova da Moura, município de Amadora, o movimento reuniu cerca de duas centenas de pessoas de várias nacionalidades dos bairros da Área Metropolitana de Lisboa, mas também de Abrantes e Tomar, para reflectirem sobre diferentes problemas que os afectam.
Na cerimónia da abertura, o luso-cabo-verdiano Flávio Almada, um dos porta-vozes e promotores do Vida Justa, explicou que o movimento tem como objectivo “ser um espaço e uma frente única para lutar para a melhoria da vida dos bairros” denominados pelas autoridades como Zonas Urbanas Sensíveis (ZUS).
“Hoje é um dia histórico, porque vamos trabalhar de forma mais ampla para encontrarmos soluções para resolver os problemas que são idênticas de bairro para bairro”, considerou, indicando que o plano de acção vai ser resultado dos grupos de trabalho que estão reunidos durante esse encontro que decorre das 10:00 às 19:00 locais, para discutir a questão da imigração, transporte, habitação, violência policial, salários e poder dos bairros.
De acordo com o Movimento Vida Justa, o que se quer inserir no plano, são acções para pedir o fim das ZUS e do policiamento violento nos bairros, mais transportes, uma rede de creches nos territórios populares e um maior acesso à saúde.
“Num momento em que se assiste à vulgarização do racismo e da xenofobia para melhor dividir, controlar e explorar quem trabalha e vive nos subúrbios, o Movimento Vida Justa afirma a ideia que a nossa força está na nossa capacidade de construirmos uma comunidade de luta: estamos juntos, estamos fortes”, defendeu a mesma fonte.
A assembleia popular dos bairros de hoje encerra mais de dois meses de assembleias de moradores e reuniões com associações de bairros de linha de Sintra, de Loures e da Margem Sul, em que se fez o levantamento da situação nas zonas populares onde residem milhares de cabo-verdianos e cidadãos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Na sessão de abertura do evento fez-se um minuto de silencia em memória do cabo-verdiano Odair Moniz, 43 anos, morador no bairro de Zambujal, município de Amadora, morto a 21 de Outubro, e de outras vítimas da violência policial nos bairros periféricos da Área Metropolitana de Lisboa e outros pontos do país.
O agente da PSP que baleou o cabo-verdiano permanece de baixa médica, aguardando para prestar declarações perante o Ministério Público e no âmbito dos processos disciplinares, tendo a Polícia Judiciária já dito que espera ter a investigação à morte concluída até final do ano.
DR/JMV
Inforpress/Fim
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