
Porto Inglês, 27 Dez (Inforpress) – A instabilidade nos transportes marítimos e aéreos, com impactos directos no abastecimento de bens essenciais e na atividade económica, marcou de forma negativa o ano de 2025 na ilha do Maio, deixando empresários e a população frustrados.
O momento mais crítico do ano ocorreu em Abril, desencadeado por um acidente com o navio Liberdadi, da concessionária CV Interilhas (CVI), que assegurava a ligação Praia–Maio, no Porto da Praia.
A avaria deixou a ilha com ligações marítimas instáveis durante cerca de três meses, condicionando seriamente o funcionamento dos negócios locais e o abastecimento de bens de primeira necessidade.
A CV Interilhas viu-se numa situação particularmente delicada devido à inexistência de navios alternativos para assegurar a linha de Sotavento, tendo as ligações com o Maio passado a ser realizadas de forma irregular pelo navio Dona Tututa.
A crise logística foi agravada por constrangimentos no sector aéreo, após uma avaria num dos aparelhos da transportadora de bandeira TACV, que reduziu as frequências de voos para a ilha e aprofundou o sentimento de isolamento dos cerca de sete mil habitantes.
Entre Abril e Julho, operadores económicos e a população manifestaram-se contra a TACV, a CV Interilhas e o Governo, denunciando perdas significativas nos negócios, atrasos no escoamento de mercadorias e um clima generalizado de desmotivação entre investidores locais.
A Associação dos Empresários e Empreendedores do Maio alertou para o facto de vários investidores terem ponderado encerrar atividades devido à paralisação económica provocada pela crise nos transportes.
Em Junho, dezenas de pessoas manifestaram-se na cidade do Porto Inglês contra a “estagnação económica”, apontando a crise nos transportes como o principal entrave ao desenvolvimento local e exigindo medidas imediatas ao Governo.
Na sequência das manifestações, o presidente da câmara, Valdino Rely Brito, denunciou o que classificou como “abandono e isolamento” da ilha e defendeu um reforço do apoio aos operadores económicos afectados pelos constrangimentos no setor dos transportes.
A situação dos transportes marítimos começou a normalizar-se apenas em meados de Julho, com a reposição, pela CV Interilhas, da frequência de três viagens semanais para a ilha do Maio.
Contudo, em Agosto, o cancelamento de eventos culturais de grande impacto económico, como o Festival de Moreia e o Festival de Música de Bixi Rotxa, em solidariedade com as vítimas das enxurradas em São Vicente, voltou a afectar os empresários locais, devido à anulação de viagens e à quebra no fluxo de visitantes.
No sector do desporto, o ano ficou marcado pela realização do fórum “Pensar Desporto”, promovido pela autarquia local, num contexto em que o Maio continuou a enfrentar uma crise no futebol regional, com dificuldades em organizar o campeonato regional pelo segundo ano consecutivo.
O ano terminou com a iniciativa “Presidência na Ilha”, durante a qual o Presidente da República, José Maria Neves, visitou várias localidades do Maio e defendeu o reforço dos apoios aos pequenos municípios, como forma de combater as assimetrias regionais e garantir igualdade de oportunidades às ilhas mais encravadas do país.
RL/CP
Inforpress/Fim
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