
Ribeira Grande, 28 Nov (Inforpress) – O munícipe Pedro Pio Lopes criticou hoje “o prolongado atraso” na construção do polivalente de Figueiral, apontando erros de conceção e opções técnicas que, no seu entender, deixaram a comunidade sem uma infraestrutura desportiva essencial.
Na sua intervenção, na Assembleia Municipal da Ribeira Grande, o munícipe lembrou que “todas, ou quase todas, as zonas do município” dispõem de polivalentes em condições razoáveis para práticas desportivas, recreativas e educativas, “excepto Figueiral da Ribeira Grande”, que foi “a última a ser contemplada e continua, anos depois, sem acesso a essa infraestrutura”.
Afirmou que o investimento feito resultou num “elefante verde e branco”, expressão com que procurou ilustrar uma obra parada, inutilizada e, segundo defendeu, erguida num local inadequado.
A mesma fonte apontou ainda “falhas técnicas na projeção e construção” que contribuíram para que o espaço permanecesse sem uso, “obstruindo inclusive uma linha de água importante”.
Pedro Pio Lopes criticou igualmente a falta de uma via de acesso à zona de Descanso, que considera ter sido a alternativa mais adequada para acolher o polivalente, sublinhando que essa opção teria custado menos e beneficiado mais a comunidade.
O munícipe lamentou também que o sistema de irrigação conhecido por “tenquim de beck” se encontre parcialmente bloqueado devido às intervenções em torno do empreendimento.
O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Armindo da Luz, garantiu que o polivalente “não é um elefante branco”, mas uma obra em fase final.
Em resposta, rejeitou a expressão utilizada pelo munícipe e afirmou que “não existe elefante verde e branco”, mas sim “um polivalente em construção”, que é “um compromisso claro” da autarquia.
O edil explicou que a obra sofreu danos significativos provocados pelas cheias, o que atrasou o cronograma inicialmente previsto.
“O nosso objectivo era que o polivalente estivesse hoje concluído, mas todos sabem que as chuvas de 10 e 11 de Agosto arrastaram todo o material já preparado, areia, cascalho, obrigando à sua reposição”, referiu.
Segundo Armindo da Luz, a empresa responsável já retomou os trabalhos, mas necessita de condições técnicas adequadas para avançar.
“Muito brevemente estará pronto. O polivalente de Figueiral é um compromisso cristalino”, garantiu.
A placa desportiva de Figueiral, inaugurada em Janeiro de 2020, rapidamente se tornou motivo de preocupação e frustração para a comunidade local, sobretudo para os jovens que viam no espaço uma oportunidade de dinamizar a prática desportiva na zona.
Poucos meses após a inauguração, as primeiras chuvas revelaram fragilidades estruturais no piso, que começou a apresentar fissuras e sinais de degradação prematura.
Na altura, moradores e utilizadores atribuíram os danos à falta de fiscalização durante a execução da obra e à ausência de correção do trajeto natural da água, uma linha importante de escoamento que, segundo a população, não foi devidamente acautelada no processo de construção.
A pressão da água e a inexistência de soluções técnicas adequadas para gerir o fluxo pluvial contribuíram para a deterioração acelerada da infraestrutura.
O episódio reacendeu debates sobre a qualidade das intervenções públicas na zona e sobre a necessidade de maior supervisão técnica em obras municipais.
LFS/AA
Inforpress/Fim
Partilhar