
Santa Maria, 28 Nov (Inforpress) - A Agência de Aviação Civil (AAC) realizou hoje, na ilha do Sal, a 2.ª Edição das Jornadas Médicas Aeronáuticas, subordinada ao tema “O impacto das substâncias psicoactivas na segurança operacional na aviação civil".
O encontro reuniu especialistas, técnicos aeronáuticos, controladores, tripulantes e demais profissionais do sector para debater um tema considerado cada vez mais relevante para a aviação moderna.
Na abertura do evento, o administrador executivo da AAC, Carlos Rodrigues, destacou que a iniciativa insere-se no mandato da instituição de promover o desenvolvimento contínuo da segurança operacional e da eficiência no sector.
“A aviação civil depende directamente da condição física e mental dos seus profissionais, e é por isso que continuamos a promover acções voltadas para a saúde, que está intrinsecamente ligada à segurança operacional”, afirmou.
Rodrigues explicou que as jornadas médicas fazem parte de uma estratégia permanente de sensibilização junto de todos os intervenientes da aviação civil, reforçando a importância da prevenção, da supervisão e do cumprimento rigoroso das normas.
Sublinhou ainda que a existência de um quadro regulatório robusto permite à AAC actuar sempre que são detectadas não conformidades ou violações, incluindo casos relacionados com o uso de substâncias psicoactivas.
“Já tivemos situações que resultaram em procedimentos como aplicação de coimas, suspensões ou revogações. Faz parte do nosso papel, enquanto autoridade, garantir que os requisitos que sustentam a certificação do pessoal aeronáutico são cumpridos em todos os momentos”, confirmou, acrescentando que casos recentes envolveram também controladores de tráfego aéreo.
Responsável pela componente técnica das jornadas, o médico Henrique Vera-Cruz, coordenador da área de Medicina Aeronáutica da AAC, apresentou os principais eixos de trabalho desta edição.
Segundo explicou, um dos destaques foi a apresentação de um estudo realizado pela AAC sobre factores comprovados de risco no processo de certificação dos controladores de tráfego aéreo.
O estudo será discutido com os próprios profissionais, com vista à “implementação conjunta de medidas que reduzam os riscos identificados”.
A segunda vertente do encontro incidiu especificamente na sensibilização sobre o uso de substâncias psicoactivas, tanto as receitadas medicamente como as ilícitas.
“Há medicações que, embora prescritas, não devem ser utilizadas por profissionais que desempenham actividades de alto risco, particularmente próximas ao início do serviço”, alertou.
O médico reforçou também a necessidade de criar mecanismos internos dentro das equipas operacionais, capazes de identificar colegas em situação de vulnerabilidade e encaminhá-los para apoio especializado.
“Queremos promover um ambiente em que os próprios profissionais assumam um papel activo no suporte mútuo. Isso melhora a segurança, a confiança e, por consequência, contribui para o desenvolvimento do sector e das instituições”, afirmou.
A AAC garante que continuará a investir na prevenção, formação e supervisão, reforçando o compromisso com uma cultura de segurança sólida e sustentável. As Jornadas Médicas Aeronáuticas deverão manter periodicidade anual, ampliando temas e envolvendo cada vez mais actores do ecossistema aeronáutico.
A edição deste ano reforçou a mensagem de que a saúde, a responsabilidade individual e a vigilância institucional são “pilares essenciais” para garantir padrões elevados de segurança na aviação civil cabo-verdiana.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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