Cidadão guineense em Cabo Verde classifica situação em Bissau "muito difícil" e "incompreensível"

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Cidadão guineense em Cabo Verde classifica situação em Bissau "muito difícil" e "incompreensível"
27/11/25 - 01:00 pm

Cidade da Praia, 27 Nov (Inforpress) – O cidadão guineense residente em Cabo Verde Fernando Baldé classificou hoje a situação no seu país como "muito difícil" e "incompreensível" após a intervenção militar que ocorreu nas vésperas da divulgação dos resultados eleitorais.

Em declarações à Inforpress, Fernando Baldé, residente da cidade da Praia e que exerceu o cargo de presidente da associação dos guineenses no arquipélago, lamentou a decisão dos militares para o que considerou ser um "golpe de Estado".

"Como cidadão da Guiné-Bissau, penso que os militares não deveriam intervir esperando que os resultados das eleições terminem. Há um pronunciamento oficial sobre quem é o vencedor da eleição para que o país funcione", defendeu.

Fernando Baldé, que diz desconhecer a motivação exacta da intervenção, espera que a situação decorra sem "derrame de sangue", sublinhando que "independentemente de quem fez a manobra, nada vai dar certo".

O cidadão bissau-guineense criticou o comunicado emitido pelos militares, afirmando que este não esclarece a situação e "deixa muitas dúvidas".

"Os militares têm de explicar tudo e devem ser responsabilizados pelos seus actos", afiançou, questionando as alegações usadas para justificar a intervenção, nomeadamente a descoberta de materiais de guerra e de droga.

"Se alegam a descoberta de materiais de guerra, têm de explicar quem é que colocou o material de guerra na Guiné-Bissau e quando entrou. Isso também serve para a explicação sobre droga", interpelou.

Fernando Baldé manifestou ainda a sua perplexidade pela alegada prisão de opositores e de quem se iria pronunciar sobre os resultados eleitorais, caso se confirme o golpe de Estado.

"A única coisa que nos surpreende, é que se de facto houve golpe de Estado porque foi preso os opositores e quem ia pronunciar-se sobre os resultados eleitoral", questionou, manifestando-se “muito triste” com o cenário enquanto cidadão guineense.

Fontes seguras em Bissau indicaram à Inforpress que a situação no país está tensa, mas aparentemente calma, confirmando que as fronteiras estão fechadas.

“Estamos a trabalhar a partir de casa e estamos a seguir a situação de perto. Infelizmente a desinformação na Guiné-Bissau não ajuda e cria tensões e dificulta todo o processo”, afirmou a fonte contactada.

A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau tinha agendado avançar os dados provisórios do vencedor das eleições presidenciais esta quinta-feira, 27 de Novembro.

PC/CP

Inforpress/Fim

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