
Cidade da Praia, 12 Nov (Inforpress) – O coordenador do Grupo Disciplinar de Ciências da Comunicação e presidente do Conselho Científico da Uni-CV, Silvino Évora, coassinou um capítulo de um livro internacional que analisa como a memória colectiva é construída e representada nos media.
O trabalho, intitulado “Memória Social, Media e Comunicação Intercultural”, integra o livro Psicologia Social, Comunicação e Cultura, publicado pela UMinho Editora, e foi desenvolvido em coautoria com as professoras Rosa Cabecinhas e Isabel Macedo, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (Portugal).
Em entrevista à Inforpress, Silvino Évora explicou que o capítulo dá continuidade a uma linha de investigação iniciada em 2008 sobre a forma como os jovens lusófonos percebem a sua história e constroem a memória social no contexto pós-independência.
“Queremos compreender como se tem transmitido a memória histórica às novas gerações. Se os jovens perderem a noção do percurso que moldou as suas sociedades, também perdem as referências para projectar o futuro”, sublinhou.
O investigador aponta o imediatismo da era digital como o maior desafio actual das narrativas históricas cabo-verdianas, que tende a fragilizar a noção de pertença e a transmissão de valores intergeracionais.
“Vivemos o momento do imediato, onde a mediação deixou de ser feita pelos livros ou pelas pessoas mais velhas. A interacção é rápida, mas a memória torna-se fugaz. Isso impacta directamente na forma como as identidades são construídas”, observou.
O docente destacou também a importância da comunicação intercultural como ferramenta de mediação social, especialmente num contexto global marcado pela intolerância e polarização.
“A comunicação intercultural deve promover a tolerância e o respeito mútuo. Nenhuma sociedade pode viver isolada. É preciso compreender o outro e valorizar as diferenças culturais como parte da convivência democrática”, afirmou.
No âmbito do ensino superior, Silvino Évora revelou que, apesar de a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) não ter uma disciplina específica de Comunicação Intercultural, o tema é abordado de forma transversal em unidades curriculares do curso de Ciências da Comunicação, como Análise dos Média, Sociologia da Comunicação e Cibercultura.
“Temos uma base de reflexão sociológica forte. As nossas disciplinas abordam criticamente o papel dos média na construção das representações sociais, o que inclui o olhar sobre o outro e a forma como diferentes culturas se cruzam no espaço comunicacional”, explicou.
O capítulo co-assinado por Silvino Évora reforça o contributo da Uni-CV e dos investigadores cabo-verdianos na produção científica internacional, promovendo o debate sobre identidade, memória e comunicação num mundo cada vez mais interligado.
KA/SR//CP
Inforpress/Fim
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