
Espargos, 05 Nov (Inforpress) - As obras de requalificação e construção do novo pontão de Santa Maria, na ilha do Sal, iniciaram-se, mas o processo tem gerado protestos e dificuldades para as peixeiras que trabalhavam no local e para alguns estabelecimentos de restauração vizinhos.
As peixeiras denunciam ter sido desalojadas em condições precárias e sem um local de trabalho digno, enquanto um restaurante da zona lamenta o "abandono" e a falta de resposta das entidades competentes.
As peixeiras que exerciam a sua actividade junto ao antigo pontão encontram-se actualmente numa situação de grande instabilidade.
Em entrevista à Inforpress, Cesaltina da Silva descreveu a situação como "difícil".
Segundo a mesma, não lhes foi comunicada atempadamente a data de saída do pontão, e a expectativa era serem acolhidas no mercado municipal com as condições necessárias.
“A situação é difícil e fomos obrigadas a sairmos do pontão mesmo sem ter onde trabalhar e temos estado a vender o nosso pescado a cada hora num ponto”, relatou Cesaltina da Silva.
A falta de um local fixo e adequado tem levado a reclamações por parte dos clientes sobre “moscas e cheiro do peixe”, mas o apelo das vendedoras é que apenas querem um “local digno para trabalharem e tirarem o seu sustento”.
Indira da Costa reforçou o descontentamento e contou que quando o pessoal e as máquinas para as obras chegaram, as peixeiras ficaram imediatamente sem local de trabalho, contrariando o que lhes tinha sido dito sobre a ida para o mercado.
“A conversa era de sairmos daqui para o mercado o que não aconteceu e agora estamos a deambular sem condições de trabalho”, afirmou, acrescentando que ainda não obtiveram qualquer resposta por parte das entidades responsáveis.
Já Duce Moreno lamentou a inexistência de um mercado de peixe em Santa Maria, e fez um apelo por um espaço com dignidade, sublinhando que as peixeiras “contribuem também assim como qualquer outro trabalhador”.
A situação precária estende-se também a alguns restaurantes à beira do pontão, que viram as suas condições de trabalho comprometidas com o início das obras.
Lurdes Nunes, gerente do restaurante Sal Doce, localizado mesmo “à boca do pontão”, expressou a sua frustração com o Instituto Marítimo e Portuário (IMP).
Segundo a mesma fonte, o IMP contactou-a e foi assinado um documento em que lhe seria disponibilizado um outro espaço até ao final das obras. No entanto, a realidade é de “abandono e de não resposta”.
“Assinei esse papel já há mais de meio ano, estamos a falar possivelmente que foi em Abril, Maio, e até hoje não tenho uma única resposta da parte deles”, desabafou.
A gerente afirma que tem enviado e-mails semanais para obter informações sobre as condições do realojamento, mas as respostas foram apenas “promessas de comparência que nunca se concretizaram”.
Lurdes Nunes, que emprega oito pessoas, algumas com mais de 12 anos de casa, confronta as autoridades e questiona sobre o que fazer agora.
A comunidade afectada exige uma “solução urgente e digna”, seja através do realojamento em locais com condições adequadas, como o mercado municipal, seja através da criação de condições que permitam a continuidade das suas actividades e do seu sustento durante o período de construção do novo pontão.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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