Mindelo, 05 Out (Inforpress) – O secretário executivo regional do Sindicato Regional dos Professores considerou hoje que os professores enfrentam grandes desafios no País e a nível global, pelo que a luta da classe docente e dos sindicatos é contínua.
Nelson Cardoso, secretário executivo regional do Sindicato Regional dos Professores (Sindep), em São Vicente, falava à Inforpress a propósito do Dia Internacional dos Professores, que se celebra hoje, 05 de Outubro.
“Realmente, há pouca consideração e pouca valorização que os governos têm dado à classe docente. Portanto, isso é mais do que evidente, e quer dizer que a luta dos docentes e dos sindicatos, que representa a classe docente, é uma luta permanente”, considerou.
"Neste sentido, o sindicalista afirmou que o Sindep está atento a esses desafios, principalmente à implementação de leis que regulam a actividade profissional dos docentes, citando como caso concreto o Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR), contra o qual o sindicato se posicionou por considerar que veio dividir a classe e aprofundar o sentimento de injustiça e de desvalorização".
Segundo o secretário executivo regional do Sindep, com este PCFR, o pessoal com muitos anos de carreira ficou bastante lesado e injustiçado, e os profissionais com grau de mestre ou doutor também não foram devidamente valorizados.
Acrescentou ainda que os professores enquadrados como assistentes — nomeadamente os formados no Instituto Pedagógico, com especialização em educação para a pequena infância e no ensino básico, bem como os detentores de bacharelato — foram igualmente prejudicados, uma vez que o PCFR lhes negou a promoção na carreira.
Para Nelson Cardoso, “o que de bom o PCFR trouxe foi apenas o aumento salarial que é bem-vindo”, mas há outras questões que preocupam o sindicato porque “os professores merecem muito mais do que foi dado”.
“Os desafios que nos preocupam têm a ver com a questão da carreira e da própria valorização da actividade docente. Os professores acabaram por perder o seu estatuto especial, o que representa uma primeira grande perda para a classe. Portanto, o Governo e o ministério estão a apensar que, dando algum dinheirinho a mais, aumentando o salário, podem fazer o que quiser”, criticou, acrescentando que “a busca pela valorização e dignificação da classe é uma luta permanente”.
"Recordou também que, na primeira versão do PCFR, o Governo garantiu, no mínimo, uma promoção aos professores que se aposentaram nos últimos 24 meses. Contudo, esclareceu que, na versão final — que nem sequer os sindicatos conheciam — essa medida foi retirada. “Ou seja, o Governo deu o dito por não dito”, criticou.
Além disso, acrescentou, ainda há professores que foram para a aposentação sem receber os seus subsídios.
“Vamos ver o que é possível fazer para que o Estado cumpra e pague aos professores que foram para a aposentação. São profissionais que dedicaram mais de 32 anos à docência e merecem ser respeitados”, assegurou Nelson Cardoso, para quem o “ministério não pode simplesmente responder que esses docentes agora pertencem às finanças e não ao orçamento do Ministério da Educação”, lembrando que “é o Estado quem deve a esses professores”.
Além disso, segundo o secretário executivo regional do Sindep, “a última revisão curricular trouxe exaustão e colocou em risco a saúde mental dos professores”, já que há docentes que trabalham com 10 a 11 turmas.
Por outro lado, a mesma fonte afirmou não compreender por que diminuíram o tempo do professor e do aluno na sala de aula, mas, mesmo assim, falam em qualidade de ensino.
Por isso, o sindicalista disse esperar que, no Dia Internacional dos Professores, os profissionais da área reflitam sobre os seus percursos, a sua profissão e, acima de tudo, sobre “a educação no País, que está em queda”.
Nelson Cardoso aproveitou ainda para pedir ao Governo que informe os professores sobre quando irá pagar os retrocativos, vincando que “não basta o ministro dizer brevemente, porque brevemente não é data nem compromisso”.
Lembrou ainda que, há dois anos, o Governo não publica a lista de redução de carga horária sem qualquer explicação.
“O Governo prometeu publicar uma adenda relativamente ao subsídio em Outubro de 2024, e já estamos em Outubro de 2025. Já é tempo de deixarem de jogar com a classe docente. Mas chegará o dia em que os professores vão dizer não, não, não e não. E aí a reação será ainda pior”, prognosticou.
O Dia Mundial dos Professores é celebrado anualmente em 5 de Outubro, com o objetivo de reconhecer e valorizar o trabalho dos docentes.
Criado em 1994, o dia marca a assinatura de uma recomendação conjunta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que estabelece directrizes sobre os direitos e responsabilidades dos professores, além de padrões para a formação inicial e continuada, recrutamento, emprego e condições de ensino e aprendizagem.
CD/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar