Pemba, Moçambique, 16 Ago (Inforpress) - Cerca de 76 mil pessoas ficaram sem apoio de emergência em julho na província moçambicana de Cabo Delgado, palco de uma insurgência armada, devido à falta de financiamento do Programa Mundial Alimentar (PMA), disse hoje fonte desta agência.
Com a falta de financiamento ao abrigo da resposta a emergência em Cabo Delgado, o PMA foi "forçado" a reduzir, "de 420 mil para 344 mil pessoas", o número de beneficiários da ajuda naquela província do norte de Moçambiqe, deixando cerca de 76 mil pessoas sem apoio, segundo Denise Colletta, oficial de comunicação no país na agência das Nações Unidas.
Trata-se, acrescentou, de uma redução "drástica" no apoio humanitário em Cabo Delgado, província rica em gás e que enfrenta uma insurgência armada desde 2017, quando "comparado" com um milhão de pessoas apoiadas pelo PMA no início de 2024.
Francisco Mendes, chefe do escritório do PMA em Cabo Delgado, garantiu na quinta-feira que, apesar dos cortes de financiamento, a agência continua a prestar assistência alimentar "vital" as comunidades.
"Um dos nossos maiores desafios é garantir que essa ajuda seja prestada com dignidade, respeitando os direitos e a voz das comunidades afetadas, ao mesmo tempo promovendo soluções sustentáveis e resilientes", disse.
O Programa Mundial Alimentar promove ainda a agricultura sustentável, equidade do género e adaptação as mudanças climáticas, com objetivo de promover o desenvolvimento a longo prazo para que as comunidades possam reconstruir as suas vidas com dignidade e esperança, acrescentou.
A nova onda de ataques, sobretudo no distrito de Chiúre, a partir da última semana de julho, provocou mais de 57.000 deslocados, segundo organizações no terreno.
O ministro da Defesa Nacional admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.
"Como força de segurança, não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos", disse Cristóvão Chume aos jornalistas.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
Inforpress/Lusa/Fim
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