Cidade da Praia, 09 Jul (Inforpress) - O PAICV (oposição) acusou hoje o MpD (poder) da “partidarização da administração pública” cabo-verdiana, transformando-a numa “rede de conveniência e clientelismo”.
“O partido [MpD] apropriou-se do Estado, transformando-o numa rede de controle, conveniência e clientelismo”, declarou o deputado Carlos Tavares, eleito nas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que apresentou a declaração política em nome da sua bancada parlamentar.
O deputado lembrou que o Movimento para a Democracia (MpD) tinha prometido aos cabo-verdianos “ética e um novo modelo de governação”, além de combater o nepotismo, mas que isto “não passou de promessas”.
“Prometeram despartidarizar a administração, mas transformaram-na num prolongamento da sede do MpD”, denunciou o PAICV, acrescentando que o partido actualmente no poder havia prometido “transparência” e que o acesso aos cargos do Estado passaria, em regra, por concursos.
Segundo o parlamentar do PAICV, as nomeações de dirigentes de empresas públicas têm sido feitas com base em “afinidade partidária, amiguismo e compadrio”.
“E quando não há cargos para todos os aliados próximos, criam-se novas estruturas, novos fundos e novos’ jobs for the boys’”, denunciou o PAICV, que acusou o MpD de “encher o Estado de familiares e amigos”.
“O que apresentaram como novo modelo de governação virou modelo de captura do Estado”, lamentou o PAICV.
Para os deputados do maior partido da oposição, “é urgente” que se ponha fim à actual “prática de governar para um grupo e não para todos os cabo-verdianos”.
“O dinheiro público é de todos e deve ser gerido com responsabilidade, transparência e justiça, garantindo que cada município tenha os recursos e o respeito que merece”, concluiu Carlos Tavares.
Por sua vez, reagindo à declaração política do PAICV, a deputada do MpD Edna Oliveira disse que o seu partido “está a cumprir a lei”, recordando que para os cargos de dirigentes superiores o recrutamento é feito por “livre escolha”, ou seja sem concursos.
O líder da bancada do MpD, Celso Ribeiro, por seu lado, afirmou que a “gestão da coisa pública é preocupação” do Governo seu partido.
Segundo a mesma fonte, o conteúdo da declaração política apresentada por Carlos Tavares acaba por “condenar o líder do PAICV eleito recentemente, Francisco Carvalho”.
“A Câmara Municipal da Praia, liderada pelo actual líder do PAICV, criou 33 unidades orgânicas e colocou à frente os seus militantes”, apontou Ribeiro, ajuntando que estes serviços obrigaram a um “aumento exponencial de 100 mil contos anuais”.
O deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) António Monteiro declarou ter concordado em parte com a declaração política do PAICV, justificando que o que está a acontecer em Cabo Verde “não satisfaz o país e nem traz justiça, nem igualdade de oportunidade para todos os cabo-verdianos”.
“Mas, é uma prática que o próprio o PAICV, durante os 15 anos, teve neste país”, lamentou o deputado democrata cristão, sublinhando que, na altura, o MpD havia criticado esta postura, que hoje está a repetir.
LC/AA
Inforpress/Fim
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