Estrasburgo, 25 Jun (Inforpress) - O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou hoje um acordo com o Conselho da Europa para a criação de um tribunal especial para processar e julgar os responsáveis pelo “crime de agressão contra a Ucrânia”.
“Todos os criminosos de guerra devem saber que a justiça será feita, e isso inclui a Rússia”, disse Zelensky.
Alain Berset, Presidente do Conselho da Europa, que reúne 46 países acrescentou que “esta assinatura é um passo decisivo para a criação de um tribunal especial para o crime de agressão contra a Ucrânia”.
É a primeira vez que é criado um tribunal especial sob a égide do Conselho da Europa, o órgão de controlo dos direitos humanos do continente, ao qual pertence a Ucrânia.
A Rússia foi excluída do Conselho pouco depois de ter lançado uma guerra em grande escala contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, que ainda está em curso.
O tribunal especial visa julgar os responsáveis por violações graves dos direitos humanos no contexto de um conflito específico, como foi o caso dos crimes nas antigas repúblicas jugoslavas ou do genocídio dos tutsis no Ruanda.
A sua criação, anunciada em 09 de maio em Lviv pela Ucrânia e pelos seus aliados europeus, permitirá contornar a impossibilidade de julgar o “crime de agressão” no Tribunal Penal Internacional (TPI), que não é reconhecido por Moscovo.
“O acordo de hoje e este tribunal dão-nos uma oportunidade real de obter justiça para o crime de agressão”, acrescentou Volodymyr Zelensky.
O crime de agressão é definido como “o planeamento, a preparação, a iniciação ou a execução, por uma pessoa em posição de exercer um controlo efetivo ou de dirigir a ação política ou militar de um Estado, de um ato de agressão que, pelo seu caráter, gravidade e escala, constitua uma violação da Carta das Nações Unidas”.
No entanto, o tribunal especial não poderá processar o Presidente russo Vladimir Putin, nem o seu primeiro-ministro Mikhail Mishoustin e o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov, enquanto estiverem em funções.
Os 15 juízes, provenientes de diferentes países, serão escolhidos por um comité e nomeados para mandatos não renováveis de três a nove anos.
Para além do projeto do tribunal especial, o Conselho da Europa iniciou também um registo dos danos causados pela guerra na Ucrânia.
Este registo recebeu “mais de 34.000 pedidos de indemnização até à data”, de acordo com Berset.
Inforpress/Lusa/Fim
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