Cidade da Praia, 16 Mai (Inforpress)- Manuel Amado apresenta hoje, na Praia, o livro intitulado “Instauração do salazarismo em Cabo Verde- Repressão como Meio de Silenciar os Opositores-1926-1939”, uma obra que destaca a “importância do conhecimento sobre o passado para valorizar a liberdade actual”
Em declaração à Inforpress, o autor explicou que a obra resultou da dissertação de mestrado apresentada em 2019 na Universidade Nova de Lisboa (Portugal).
O autor defende que a repressão política “marcou profundamente” o desenvolvimento social e político de Cabo Verde, limitando a expressão e a criação de associações.
“A repressão tomou uma dimensão nunca vista em Cabo Verde. O medo de falar a verdade significava, evidentemente, prisão e até podia custar a vida”, afirmou, sublinhando que a censura era tão “severa que até a palavra fome era proibida”.
Manuel Amado detalhou as dificuldades enfrentadas durante a recolha dos documentos históricos, visto que a maior parte se encontra em Portugal.
“Os documentos e as fontes foram essencialmente recolhidos em Portugal, na Biblioteca Ultramarina e Biblioteca Diplomática, também fiz pesquisas no Arquivo Histórico Nacional (Cabo Verde)”, explicou.
O autor avançou que, apesar dos esforços, encontrou obstáculos burocráticos para obter autorizações, facto que, segundo ele, se devia à condição de ser cabo-verdiano.
Questionado se a obra dispõe de factos inéditos sobre a repressão em Cabo Verde durante o regime salazarista, Amado revelou que não há factos inéditos, mas explora temas pouco abordados e explorados.
Manuel Amado espera que o livro contribua para um maior entendimento sobre o período salazarista e valorização da liberdade conquistada.
“Os jovens podem pensar que a liberdade sempre existiu, mas não é bem assim. É preciso saber o que custou essa liberdade”, conclui.
KF/LC/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar