Ribeira Grande, 05 Nov (Inforpress) – O director da Região Sanitária de Santo Antão (RSSA), Alexandre Alves, fez hoje um balanço positivo sobre o controlo das doenças mentais na ilha, mas alertou para desafios, especialmente o apoio contínuo aos pacientes.
"Graças a Deus, os nossos doentes em Santo Antão estão bem controlados. Temos uma equipa multidisciplinar bem capacitada, que tem feito um excelente trabalho. Porém, um dos principais desafios que enfrentamos é a responsabilização das pessoas pelos seus doentes", afirmou.
Alexandre Alves, que falava aos jornalistas durante o Encontro Reflexivo sobre Saúde Mental que decorre durante dois dias na Ribeira Grande, explicou que, embora muitas das doenças mentais na ilha sejam crónicas, estas podem ser tratadas e controladas de forma semelhante a outras condições, como a hipertensão ou a diabetes.
No entanto, o médico salientou que as doenças mentais exigem apoio contínuo, seja da família, da sociedade civil ou da própria pessoa quando esta está compensada.
Alexandre Alves abordou ainda a importância do papel da família e da sociedade no acompanhamento dos pacientes, principalmente durante a fase de descompensação, ou seja, quando o doente não consegue agir por si próprio.
"Na fase aguda, o alcoolismo e o consumo de outras substâncias representam desafios adicionais. Quando um paciente descompensa, é fundamental o envolvimento da sociedade, da polícia, dos bombeiros e dos familiares para garantir que ele tome a medicação e receba os cuidados adequados", disse.
Uma das principais dificuldades mencionadas pelo director da RSSA foi a falta de acompanhamento contínuo após a alta hospitalar.
Segundo Alexandre Alves, no hospital o paciente é estabilizado, mas, ao sair, não recebe os cuidados diários necessários, como alimentação adequada e medicação.
"Sem esse acompanhamento ele acaba por descompensar e, muitas vezes, a sociedade não tem a estrutura para continuar o cuidado", explicou.
A mesma fonte alertou ainda para a falta de colaboração da comunidade em torno do paciente, o que pode levar a situações de abandono e desestabilização.
O director da RSSA enfatizou que o pilar fundamental para o sucesso do tratamento é a família.
"Quando o paciente tem o apoio da família, o tratamento tende a ser mais eficaz. A família é a base, a raiz. Mesmo que o paciente esteja em tratamento junto a outros e com uma boa equipa médica, o ambiente familiar é essencial para garantir que ele tome a medicação, tenha os cuidados pessoais e, assim, possa viver de forma estável", concluiu.
LFS/HF
Inforpress/Fim
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