Portugal: Linguista reitera que língua cabo-verdiana deve ser valorizada pelos cabo-verdianos

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Portugal: Linguista reitera que língua cabo-verdiana deve ser valorizada pelos cabo-verdianos
21/02/25 - 08:32 pm

Lisboa, 21 Fev (Inforpress) – A linguista cabo-verdiana Ana Josefa Cardoso considerou hoje, em Lisboa, que a língua cabo-verdiana deve ser valorizada pelos cabo-verdianos, já que é a forma como algo é valorizado que mostra o quão importante é.

Ana Josefa Cardoso fez essa reflexão durante uma sessão cultural para assinalar o Dia Internacional da Língua Materna, hoje comemorado, promovida pelo Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), ao lado de vários convidados.

“De alguma forma, é como tratamos as coisas é que ela reflecte em nós. Eu vou fazer 56 anos e cheguei a Portugal com 6 anos, mas na minha casa, os meus pais sabiam falar e escrever em português, mas nunca foi dito que crioulo era mau, para não falarmos (…). Nós os cabo-verdianos estamos com problema grave de valorizar o que é de nosso. Se não valorizarmos o que é nosso, quem é que vai valorizar por nós”, considerou.

A linguista considerou que já foi provado que as crianças que na escola aprendem nas duas línguas (cabo-verdiana e portuguesa), conseguem despertar a sua curiosidade e a sua consciência linguística, não importa se a crianças é de origem portuguesa ou cabo-verdiana, dando exemplo da experiência que teve com o ensino bilingue numa escola nas Amoreiras, em Portugal, e em algumas escolas em Cabo Verde.

“As crianças aprendem tudo o que ensinamos (…). As crianças que aprendem desde o primeiro ano nas duas línguas têm uma grande destreza na aprendizagem”, frisou, indicando que essa experiência veio mostrar que a aprendizagem faz mais sentido e fazendo com que as crianças não tenham medo de expressarem e aceitarem desafios.

Os outros participantes no painel, Charlie Mourão, Dulce Pereira, Adelino Barros, Sidney Delgado e Érica Silva partilharam a opinião de Ana Josefa Cardoso, sustentando que já é hora de se oficializar a língua cabo-verdiana, sem pensar em questões como a padronização, que são questões que podem ser pensadas depois dessa oficialização.

A conversa conduzida pelo autor do livro “Na Ragas di Bu Petu Petu - Kuzas di Korason”, Fernando Jorge Mendes, conhecido por ‘Rapazin di Munisa’, natural do interior do concelho de Santa Cruz, que veio para Portugal frequentar o curso profissional de Contabilidade no Porto, tendo posteriormente frequentado o curso de Contabilidade e Administração Pública.

O Dia Internacional da Língua Materna, assinalado a 21 de Fevereiro, foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o objectivo de promover a consciencialização sobre a diversidade linguística e cultural entre as diferentes nações e promover o multilinguismo

DR/JMV

Inforpress/Fim

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