Tarrafal, 04 Nov (Inforpress) – O director do Festival Sete Sóis Sete Luas (FSSSL) considerou hoje que o festival tem sido um vector essencial para a promoção e valorização da cultura cabo-verdiana no cenário internacional.
Em entrevista à Inforpress, Marco Abbondanza afirmou que o FSSSL, com uma trajetória de mais de duas décadas no arquipélago, já levou músicos, artistas e cozinheiros cabo-verdianos a palcos e eventos em países como Portugal, Itália e Espanha, o que ampliou a visibilidade de talentos locais e promoveu uma rica troca cultural.
Este dirigente, que falava sobre os ganhos e as conquistas do evento, não se esqueceu de sublinhar os desafios e dificuldades que ameaçam a sustentabilidade do projecto em Cabo Verde.
A propósito, relembrou que em 2023 o festival conseguiu ter a presença da fadista portuguesa Cuca Rosetta em Cabo Verde, considerando que este facto, além de um ganho, demonstrou ser um exemplo da força deste intercâmbio.
Segundo Marco Abbondanza, Rosetta, além de se apresentar em solo cabo-verdiano, realizou duetos com cantores locais, criando uma “experiência única e estimulante para jovens músicos”.
Igualmente, relembrou que em colaboração com o Governo da Galiza, o festival também trouxe a banda galega Luar na Lubre para reforçar a diversidade e aproximar ainda mais o público cabo-verdiano da música internacional.
Outro ganho significativo, segundo o director, tem sido o impacto social gerado pelo festival. Para além da parte cultural, avançou que este ano, em parceria com a Universidade de Coimbra, o Sete Sóis viabilizou a presença de uma equipa médica que realizou mais de 400 consultas gratuitas na Brava, atendendo às necessidades de saúde da comunidade local e já foi para a ilha do Maio com a mesma missão.
Esse aspecto social do festival, conforme explicou, “ressalta o compromisso da iniciativa com o desenvolvimento humano e comunitário, fortalecendo não só a cultura, mas também o bem-estar das populações das ilhas”.
Não obstante, a esses ganhos, reforçou ainda que a expansão do festival em várias áreas de Cabo Verde, como Tarrafal de Santiago, Ribeira Grande de Santo Antão, São Filipe na ilha do Fogo e Maio, tem ajudado a descentralizar a cultura, incentivando a formação de talentos nas ilhas e fomentando a economia local.
No Tarrafal, o festival contribuiu para a formação de músicos e cozinheiros, gerando novas oportunidades para jovens e promovendo o turismo cultural na região.
Em termos de cooperação internacional, exemplificou que o festival contribuiu para a geminação entre a Brava e a cidade italiana de Pontedera, gerando investimentos em infraestrutura e doações de equipamentos, exemplos estes que, conforme o mesmo, evidenciam o impacto positivo do Sete Sóis para o desenvolvimento social e económico de Cabo Verde, promovendo o turismo cultural e fortalecendo a identidade cabo-verdiana, especialmente nas ilhas mais periféricas.
Com os sucessos já alcançados, afirma que o Sete Sóis Sete Luas “permanece como um símbolo de resistência cultural e de promoção da identidade cabo-verdiana no mundo, demonstrando o valor e a importância de um compromisso contínuo com a cultura e as artes no arquipélago”.
Para o director do festival, o desafio actual passa por garantir a continuidade e expansão do projecto, fomentando a descentralização cultural e contribuindo para o desenvolvimento cultural e social de Cabo Verde.
O Festival Sete Sóis Sete Luas é promovido por uma Rede Cultural de 30 cidades de 10 países do Mediterrâneo e do mundo lusófono, nomeadamente, Brasil, Cabo Verde, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Tunísia, Itália, Marrocos e Portugal, e acontece em Cabo Verde desde 1998.
MC/JMV
Inforpress/Fim
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