Mindelo, 31 Jan (Inforpress) – O presidente da Associação de Armadores de Cabo Verde (Apesc), Suzano Vicente, assegurou que há “falta de vontade política” para destravar os mecanismos de investimentos no sector e permitir aos empresários ir à banca.
A mesma fonte mostrou esse posicionamento ao ser confrontado pela Inforpress, no Mindelo, com a declaração do ministro do Mar, segundo a qual, o Governo está a implementar medidas, com financiamentos, para permitir empresários cabo-verdianos ter capacidade de ir aos bancos de pescas mais distantes, como o da Nova Holanda e outros para ter maior captura de peixe.
Como prova, Suzano Vicente apontou os 300 mil contos que foram colocados para o fundo de retorno após a pandemia da covid-19 e disse não ter conhecimento de nenhum empresário que conseguiu ter acesso.
Contrariando o ministro, o presidente dos armadores nacionais asseverou que, apesar do executivo ter implementado um ecossistema de financiamento, existente há alguns anos, ainda persistem os mesmos problemas de acesso aos bancos, que pedem garantias num sector de “riscos aleatórios”.
E mesmo as garantias dadas pelo Estado, e também ao Fundo Soberano, que estão a financiar junto da banca nacional, continuou a mesma fonte, só entram depois que o banco der o visto.
“É uma facilidade teórica, porque teoricamente parece bonito, mas na prática não é”, criticou Suzano Vicente, para quem o problema é estrutural e não conjuntural.
Quanto à prerrogativa dos armadores se associarem em sociedades anónimas ou unipessoais, a mesma fonte explicou que, no caso da Apesc, está formada em cooperativa e teriam que mudar o figurino jurídico.
E para isso, acrescentou, seria preciso um plano de estudo com especialistas que “são contratados com dinheiro”, algo que, asseverou, os empresários da pesca não têm.
Daí que, asseverou, há “falta de vontade política” para destravar essas barreiras, que impedem o sector pesqueiro de se desenvolver e com risco de perder a derrogação da União Europeia.
Isto porque, conforme Suzano Vicente, há vários anos que o Governo tem estado a justificar as falhas com a necessidade de se investir no sector, algo que até agora não se fez.
Confrontado ainda com a declaração de Jorge Santos de que existe um grupo de empresários da Ilha de Santo Antão que já estão na fase final para compra do primeiro atuneiro, o responsável da Apesc disse não ter conhecimento do assunto e questionou ao governante se é “algum segredo”.
“Julgamos que somos parceiros do governo. Agora surge um grupo e nós não sabemos”, frisou.
Quanto ao projecto da própria Apesc para aquisição do atuneiro, asseverou que não tem andado porque ainda esperam o “braço forte” do Estado, que poderia entrar como accionista, mas “também não parece haver vontade política”.
LN/JMV
Inforpress/Fim
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