Mindelo, 29 Jan (Inforpress) – O presidente da organização ambiental Biosfera Cabo Verde aconselhou as autoridades cabo-verdianas a terem ponderação na escolha de investimento, tanto na descarbonização, como na protecção dos ecossistemas, que está a ser deixados de lado.
Tommy Melo fez esta consideração em entrevista à Inforpress, a propósito da saída dos Estados Unidos da América (EUA) do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e dos possíveis impactos para Cabo Verde.
A mesma fonte começou por lembrar que os EUA, ao saírem, levam também consigo os seus 300 mil milhões de dólares que mundialmente deveriam ser utilizados, por exemplo, na criação de tecnologias para energias limpas e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Uma decisão nada boa para Cabo Verde, que, assim como outros países, "leva por tabela" com este certo “retrocesso” na diminuição da poluição e no combate às consequências climáticas.
Entretanto, Tommy Mello ressaltou que este poderá ser só a ponta do `iceberg´, se quando se efectivar a saída houver um efeito dominó, com outros países a seguirem o exemplo dos EUA.
Neste sentido, pediu ponderação das autoridades cabo-verdianas que, a seu ver, estão a apostar muito na descarbonização e na transformação em país 100% com energias limpas, “quando não se sabe até que ponto isto vai ter impacto a nível mundial, uma vez que o país se situa nos menos poluidores”.
Por outro lado, acrescentou a mesma fonte, está-se a descurar o investimento na preservação dos seus ecossistemas, que se situam entre os dez primeiros no mundo.
“Investir nas energias não é mau, mas não será hora de dividir os investimentos e apostar nos ecossistemas, que são uma riqueza de Cabo Verde em relação ao mundo?”, questionou o responsável da Biosfera Cabo Verde.
Tommy Melo aconselha que seja feita uma análise, porque o combate às mudanças climáticas também requer um ecossistema resiliente.
“Fala-se muito em sustentabilidade, mas na realidade está a acontecer totalmente o contrário”, criticou o ambientalista, que apontou exemplos como de construções nas orlas marítimas, destruição de habitats e planos de gestão que não estão a ser cumpridos.
Daí a necessidade, completou, de coerência na definição das prioridades.
O novo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, logo na sua tomada de posse, a 20 de Janeiro, assinou um decreto retirando o país do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
Uma decisão que deverá ter efeito a partir do segundo mandato de Trump, em 2026, data prevista para se efectivar a saída.
LN/JMV
Inforpress/Fim
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