Cidade da Praia, 31 Out (Inforpress) –O relatório de avaliação preliminar do ano agrícola 2024/2025 recomendou melhoria na gestão da água, melhorar a gestão das pragas, a gestão e o uso das pastagens e adaptar o sistema de produção ao clima local.
Estas recomendações constam do relatório da missão conjunta de avaliação do ano agrícola em curso, realizado pela equipa do Governo de Cabo Verde, Comitê Interestadual Permanente para Controle da Seca no Sahel (CILSS) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e apresentado hoje na Praia.
De acordo com o documento, foram colocadas à disposição dos agricultores cerca de 22 toneladas de sementes de sequeiro de milho e feijões, 77 mil plantas florestais fruteiras e endémicas, 736 kg de sementes de pastos a preço simbólico e equipamentos e materiais para a campanha fitossanitária.
A média de pluviometria caída nos meses de Julho, Agosto, Setembro e Outubro foi de 275,2mm, superior em 16% ao normal climatológica de 1991/ 2020 que foi de 240,9mm.
A situação fitossanitária é calma, e neste momento a infestação de gafanhoto continua apenas nas ilhas da Boa Vista e em São Vicente está controlada.
O relatório indica ainda que o controlo da lagarta-do-cartucho continua ainda em curso com a libertação de parasita “trichogramma pretiosum” e pulverização pelos agricultores de biopesticidas disponibilizados pelo Ministério da Agricultura e Ambiente.
A situação sanitária dos ruminantes é regular e a previsão é para uma produção forrageira razoável e boa a nível nacional, mas existem localidades onde a produção será fraca, nomeadamente como no litoral de São Domingos, Ribeira Grande de Santiago, Porto Novo e em quase toda a ilha de São Vicente.
Prevê-se uma produção de 4.996 toneladas de milho e 6.140 toneladas de feijões.
Entretanto o relatório recomendou a uma gestão prudente da água de modo a garantir a sua disponibilidade nos meses mais fracos, melhorar a gestão das pragas, principalmente da lagarta-do-cartucho do milho, aumentando o acesso a biopesticidas e métodos de controle biológico e incentiva a culturas adaptadas às condições climáticas locais fornecendo material vegetal e fortalecendo práticas agrícolas sustentáveis.
Na ocasião, a directora geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, Eneida Rodrigues, realçou que a pluviometria foi muito melhor do que no ano passado e superior à média dos últimos 20 anos.
“O mais importante é o escoamento superficial e a recarga dos lençóis freáticos que vai proporcionar um aumento de água para a agricultura de regadios, mas há muitos escoamentos superficiais capazes de favorecer o aparecimento de culturas temporárias que vão aparecer com a água do escoamento superficial que está em todas as ribeiras, em todas as bacias hidrográficas”, apontou.
Entretanto avançou que estas culturas temporárias vão contribuir ainda para melhorar a produção e a dieta alimentar da população.
A nível dos pastos, apelou aos criadores e agricultores no sentido de fazerem a recolha de pastos para não terem problemas nos anos seguintes, mas também a fazerem uma boa gestão da água para poder manter a qualidade e investir seriamente na cultura de sequeiro, que é uma cultura de rendimento.
Adiantou que o programa de subvenção do sistema da rega gota-a-gota implementado pelo Governo em 2020 subvenciona até 50% a instalação do sistema da rega gota-a-gota para uma parcela de 2.500 metros, média essa definida para as áreas irrigadas.
“Temos ainda em curso o programa de subvenção de estufas, que vai proporcionar também uma melhor poupança de água para além da melhoria da produção e outros programas que temos, e em conjunto irão melhorar toda a produção agropecuária, porque também temos um programa de modernização da pecuária que vai nesse sentido também”, apontou.
Acrescentou ainda que neste momento a barragem de Poilão está com mais de 50% da sua capacidade e a água continua ainda a entrar na albufeira, e cabe agora gerir bem essa água para que os agricultores dessa zona possam ter uma mancha verde que existia há muito tempo e deixou de existir desde 2017, altura que deixou de receber água.
Realizado pelo Grupo de Trabalho Pluridisciplinar (GTP), a missão teve por objectivo avaliar a situação do ano agrícola e o desenrolar da campanha 2024/2025 em estreita colaboração com as estruturas nacionais implicadas no seguimento da campanha agrícola.
O acto foi presidido pelo ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, em substituição ao ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
AV/JMV
Inforpress/Fim
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