-Santa Catarina: Mulheres do curso de culinária e pastelaria veem nesta área uma porta para a independência financeira
Assomada, 07 Dez (Inforpress) – Um grupo de 20 mulheres que está a participar na formação de culinária e pastelaria vê nesta área uma porta para independência financeira, além de ser uma oportunidade para expor a paixão que sempre alimentaram.
Esta formação é financiada pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género – ICIEG, em parceria com o IEFP, cujo objectivo é reafirmar o compromisso com o empoderamento e qualificação profissional, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e comunitário.
Esta formação iniciou-se no passado dia 2 de Setembro e a previsão para o encerramento é em Janeiro de 2025, e tem como público-alvo mulheres, dentre elas algumas que já foram vítimas de VBG e outras mães de crianças com Necessidades Educativas Especiais.
A Inforpress foi conhecer o dia-a-dia, a motivação dessas mulheres. Leny Tavares e a Maria Furtado foram as porta-vozes dessas mulheres, oriundas de diversas localidades do município de Santa Catarina e que na sua maioria são vendedeiras ambulantes (rabidantes).
Leny Tavares tem 35 anos, é natural da localidade de Saltos Acima, sempre teve uma paixão pela cozinha.
Após um período de quatro anos como cozinheira na ilha da Boa Vista, Leny regressou à Santa Catarina de Santiago, buscou formação para aprimorar suas habilidades, mas enfrentou dificuldades financeiras que a impediram de realizar o seu sonho.
“Sempre quis me profissionalizar, mas não tinha condições”, relatou, realçando que quando o ICIEG a contcatou para participar do curso, viu uma oportunidade única de transformar sua vida.
“Este curso é uma porta de saída para mim”, afirma, ressaltando que está aprendendo não apenas a cozinhar, mas também sobre saúde, higiene, comunicação e empreendedorismo.
Mãe de três filhos, Leny sonha em abrir o seu próprio espaço, onde possa demonstrar o carinho e a dedicação que coloca em seus pratos.
“Quero que as pessoas sintam o meu amor através da comida”, diz ela, pedindo a outras mulheres que aproveitem as oportunidades que surgem.
Segundo ela, mesmo sem condições para abrir um negócio próprio, é possível trabalhar com terceiros ou iniciar pequenas vendas de salgados e doces.
“A independência financeira é essencial, especialmente em tempos em que muitas mulheres enfrentam Violência Baseada no Género (VBG)”, destacou, realçando que muitas mulheres ficam presas nos relacionamentos por não terem a independência financeira ou mesmo por não terem conhecimento de algo que lhes dê rendimento.
E é por isso que afirma, categoricamente, que “cada mulher deve ter a sua independência financeira, independentemente do tipo de parceiro que tem”.
Outra beneficiária, e que também falou pelo grupo, é a Maria Furtado, de 37 anos, da localidade de Gil Bispos. É mãe de seis filhos, e também encontrou na formação do ICIEG um “caminho para a transformação”.
Vendedeira ambulante, a Maria diz sempre alimentar uma paixão pela cozinha, mas que nunca teve a oportunidade de aprofundar os conhecimentos e nem de se aperfeiçoar por falta de condições para frequentar uma formação para tal.
Ao surgir esta oportunidade, contou que mesmo enfrentando desafios diários, não desistiu de participar do curso e afirma que essa formação “mudou” a sua vida e autoestima.
Maria reconhece a importância de lutar por seus sonhos e incentiva outras mulheres a não se intimidarem, buscando sempre a formação e a autonomia.
O futuro ainda essas mulheres não sabem, mas que já há mudanças na forma de agir, na forma de pensar, todas estão de acordo e dizem estar em condições de aconselhar e incentivar outras mulheres, tendo em conta o histórico de cada uma.
Por seu turno, o formador Francisco Almeida, que ministra o curso, falou da evolução das participantes e destacou a importância do empoderamento feminino.
“Queremos que essas mulheres sintam confiança e independência na busca pelo sustento”, afirma.
Mas, Almeida acredita que, para que o empoderamento feminino seja efectivo, é fundamental incluir também os homens nesse processo.
“Se ao menos cinco maridos ou pais estivessem participando, o resultado seria diferente”, reflecte, sugerindo que o empoderamento deve ser uma construção conjunta.
Agradecendo aos financiadores e organizadores do projecto, Almeida enfatiza que a capacitação deve ser um esforço colectivo, envolvendo tanto mulheres quanto homens. E para isso, avançou que já está a trabalhar em um projecto para o próximo ano, que prevê a criação de uma turma exclusivamente para homens, visando promover uma mudança significativa na sociedade.
Para finalizar reconheceu que essas formandas são exemplos inspiradores de mulheres que estão transformando a sua realidade e buscando um futuro melhor, através da coragem, determinação e das oportunidades que surgem, provando assim que é possível conquistar a independência e a liberdade que tanto desejam.
MC/JMV
Inforpress/Fim
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