Assomada, 04 Dez (Inforpress) – Gracelina Martins mergulhou no mundo do atletismo para competições com 45 anos de idade, a 13 de Janeiro de 2024, quando teve coragem de romper e superar algumas barreiras e ditar uma nova fase para sua vida.
Numa conversa com a Inforpress, a atleta Iloisa ou Grace, como é conhecida, contou a sua trajectória de desportista e como conseguiu vencer os estereótipos criados pela sociedade e se abrir para o mundo do desporto.
Mãe de duas filhos, uma menina e um rapaz, Iloisa relembrou que os filhos eram ainda adolescentes, quando, aos 35 anos, começara a praticar actividades físicas, hora em casa, hora num ginásio, ouras vezes ainda correndo pelas ruas, pese embora, esta última actividade só a praticava em horários em que não era possível ser vista, já que tinha vergonha.
Entretanto, ao longo dos anos foi se aperfeiçoando e dedicando, até que, dez anos depois, por intermédio da filha que a inscreveu e o treinador que a motivou, decidiu participar na Corrida da Liberdade na cidade da Praia, realizada a 13 de Janeiro de 2024, altura que conseguiu o terceiro lugar da classificação.
Deste dia em diante o sangue da competição começou a correr nas veias e a vontade de desafiar e ser exemplo para outras pessoas começou a falar mais alto, começando a se dedicar mais, mesmo com o pouco tempo que tinha para se treinar, encaixando tudo de uma forma para que os treinos não influenciem o seu trabalho de técnica auxiliar de RX.
A corrida, que inicialmente era uma maneira de se manter activa, rapidamente se transformou numa paixão.
“Houve dias em que voltei para casa exausta, após o trabalho, mas a motivação sempre esteve presente. O exercício físico me dá disposição e alegria”, compartilha.
Os benefícios da corrida estenderam-se além do físico. Iloisa percebeu melhorias na qualidade do sono, na alimentação e, consequentemente, na saúde geral.
Desde o início enfrentou desafios, pois muitos ao seu redor questionavam sua decisão de correr numa idade considerada “avançada”.
No entanto, ela não se deixou abater. “A idade não deve ser um impedimento para fazermos o que amamos”, afirma, explicando que com determinação, ela se integrou a um grupo de corredores mais jovens e, surpreendentemente, nunca sentiu dificuldades em fazer parte daquele grupo.
Assim começou a participar nas competições da Cabo Verde Trail Series. Foi em Abril, numa das edições realizadas na ilha do Fogo, que alguns dos colegas souberam da sua idade, quando foi distinguida com um diploma em reconhecimento da sua performance, pois além da idade, corre juntamente com jovens dos 19, 20, 25, mas sempre teve um bom desempenho.
Com um calendário de competições pela frente, Iloisa se prepara para participar da Cabo Verde Trail Series que acontece nos dias 6, 7 e 8 de Dezembro, em Santo Antão. Nestas competições, ela se encontra no terceiro lugar a nível nacional, na sua categoria, mesmo sem um horário fixo para treinar, acreditando que poderia se preparar ainda melhor se tivesse mais tempo.
Com os seus filhos, agora com 25 e 23 anos, todos praticando desporto, Gracelina Martins se orgulha de ser um “exemplo positivo” na sua família, mesmo sem ter encontrado o desporto no lar durante a sua infância.
Considera que a sua história é um “testemunho de que a perseverança e a paixão não têm idade e que sempre é tempo de fazer o que se ama”, convidando a todos a se saírem das suas zonas de conforto, a deixarem de lado o preconceito e romper todas as barreiras que lhes possam impedir a busca de uma vida mais activa e saudável.
MC/JMV
Inforpress/Fim
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