Mindelo, 29 Out (Inforpress) - O presidente do conselho directivo da Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde (Advic), Marciano Monteiro, disse hoje, no Mindelo, que a associação pretende sensibilizar a sociedade e entidades empregadoras a dar oportunidades de trabalho a deficientes visuais.
Marciano Monteiro falava à imprensa a propósito do fórum “Jovens cegos pensando no futuro”, que acontece no Centro de Formação da Câmara Municipal de São Vicente, em Madeiralzinho.
Segundo o responsável, apesar de não estar munido de ferramentas que lhe permita quantificar os deficientes visuais que estão no mercado de trabalho, a sua observação ao universo de pessoas empregadas dá a entender que entre eles há “um número muitíssimo irrisório de deficientes visuais”.
Por isso, considerou, é preciso uma oportunidade da sociedade e de entidades empregadoras, públicas e privadas, para abrir as portas aos deficientes visuais para o mercado de trabalho.
Marciano Monteiro lembrou que existem leis que possibilitam o emprego a pessoas com deficiência e que estabelecem uma quota de cinco por cento nos concursos públicos. Mas, observou, actualmente esta quota não satisfaz porque, na altura, quando a criaram o número de pessoas com deficiência qualificadas e formadas era relativamente pouco.
“Agora temos pessoas jovens com deficiência visual e outros tipos de deficiência com licenciatura, outros até já com mestrado, e ainda outros com o 12º ano e que no próximo ano também vão para a universidade. Então essa quota, de acordo com a demanda que temos agora, é muito irrisória”, considerou.
Conforme a mesma fonte, para que uma pessoa com deficiência tenha acesso ao emprego “é necessário que criem condições e mecanismos de acesso ao emprego, que não se limitem aos escritórios ou aos quatro cantos da parede”.
“Infelizmente, há barreiras arquitectónicas que, às vezes, até impedem. Posso falar de pavimentos mal concebidos, postes no meio dos passeios, passadeiras também sem sinalização, semáforos sem sinalizações sonoras. Isso dificulta e muito a mobilidade da pessoa que faz o percurso casa-trabalho, trabalho-casa”, exemplificou.
Na opinião do presidente do conselho directivo da Advic, a colocação de pisos tácteis é um caminho.
E esses já existem em alguns pontos na cidade da Praia, mas precisam de melhorias. Em São Vicente este projecto ainda não existe, apesar da promessa da câmara municipal.
Por isso, Marciano Monteiro não descura a possibilidade de dialogar com o Governo para levar este projecto e acções de sensibilização para a melhoria de acessibilidade das pessoas com deficiência a outras ilhas.
CD/CP
Inforpress/Fim
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