*** Por Luís Carvalho, da Agência Inforpress***
Cidade da Praia, 01 Set (Inforpress) – O antigo presidente do ICS, Orlando Mascarenhas, diz que a instituição desempenhou actividades sociais “extremamente importantes” e emociona-se ao ver o abandono a que foi votado o antigo Centro de Formação Profissional de São Jorginho.
Na sua perspectiva, o Instituto Cabo-verdiano de Solidariedade (ICS) foi criado com o objectivo de centralizar a ajuda internacional para poder acudir aos grandes problemas que, na altura, afligiam o país, acrescentando que, na altura, o arquipélago enfrentava dificuldades de vária ordem, pelo que “era necessário criar um mínimo de condições para acudir a essas dificuldades que existiam”.
Orlando Mascarenhas fez estas considerações em entrevista à Inforpress, no quadro dos 50 anos da independência nacional.
Lembra que o ICS está na origem da criação de jardins infantis em quase todo o país, assim como o apoio a jovens de rua, através da Granja de São Filipe e, em termos de formação, surgiu o Centro de São Jorginho.
“Na ocasião, o Instituto procurou ir ao encontro das dificuldades então existentes e o pré-escolar foi o primeiro trabalho”, apontou o homem que dirigiu várias instituições do país e cuja história se confunde com a de Cabo Verde independente.
Para Orlando Mascarenhas, o ICS esteve, igualmente, no aparecimento das primeiras Aldeias SOS de Cabo Verde, que, segundo ele, ainda hoje funcionam com acções bastante importantes.
“As Aldeias Infantis SOS deram lugar ao desenvolvimento de vários jovens e muitos deles até são hoje grandes quadros das Aldeias Infantis SOS”, indicou.
A preocupação, na ocasião, acrescenta, “era ter um lar para uma criança onde ela pudesse ter o carinho, a amizade, a compreensão e a participação de uma mãe SOS”.
Hoje, as Aldeias Infantis SOS constituem, de facto, uma instituição de renome e com grande pujança, mesmo a nível internacional, porque é devidamente reconhecida pelo trabalho que as aldeias ainda hoje desenvolvem.
O estado de abandono a que foi votado o antigo Centro de Formação Profissional de São Jorginho é, no dizer de Orlando Mascarenhas, algo que o comove.
“É uma pena não se ter dado continuidade ao trabalho que se vinha desenvolvendo em São Jorginho, porque era um projecto de integração social”, lamenta Mascarenhas.
Para ele, o complexo de São Jorginho não era apenas um lugar de formação profissional. Servia também as populações vizinhas, como São Pedro, Pensamento e outras zonas vizinhas.
“Todas aquelas zonas beneficiavam dos trabalhos em São Jorginho, não só os pais, as mães, as crianças e os jovens que aí estavam”, indicou Orlando Mascarenhas, para quem, de uma forma geral, toda a cidade da Praia e Santiago beneficiavam deste complexo.
Referiu-se ainda a São Jorginho como um lugar, também, de leitura, prazer e onde se realizavam passeios.
“Os jovens que vinham de várias ilhas em acampamentos tinham São Jorginho como um centro de acolhimento, de participação e de jornadas de reflexão”, frisou, enfatizando que centenas de crianças e jovens se formaram ali, além da população vizinha que beneficiava das “condições óptimas aí existentes”.
Em suma, na óptica de Orlando Mascarenhas, São Jorginho era, também, um lugar onde os jovens podiam passar as suas férias, além de servir de espaço para reflexão e desenvolvimento.
Sobre como gostaria que um dia fosse lembrado, Orlando Mascarenhas disse que a contribuição que deu para o País constituiu o seu “dever e obrigação”.
“Penso que todos nós, na medida do possível, devemos dar a nossa colaboração para o desenvolvimento do país. A minha fraca e simbólica contribuição foi dada com muito empenho, entusiasmo e dedicação”, observou, concluindo que, por todas as instituições por onde passou, teve sempre a colaboração dos colegas.
Garantiu que tem procurado sempre, junto das pessoas com quem trabalha, o espírito colectivo de que um “trabalho só se desenvolve se todos assumirmos como sendo nosso”.
Pela sua participação activa na cidadania social, política, empresarial e desportiva, Orlando Mascarenhas é portador de duas condecorações com Medalhas de Mérito de primeira classe atribuídas, respectivamente, pelos Presidentes da República Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves.
LC/HF
Inforpress/Fim
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