Cidade da Praia, 09 Jun (Inforpress) - O poeta e compositor Alberto Alves, conhecido por Neves, lança terça-feira, na Praia, a obra poética “Arbisa d´un Jornáda”, que enaltece a cultura, a língua e identidade da ilha do Fogo.
A obra, a ser apresentado pelo poeta Paulo Veríssimo e o professor universitário Leão de Pina, reúne 87 poemas escritos em crioulo cabo-verdiano, na variante da ilha do Fogo.
Em entrevista à Inforpress, o autor avançou que a obra inclui textos líricos, épicos, satíricos e de crítica social, e traz ainda cerca de 30 pinturas e fotografias feitas pelo falecido jornalista Valdir Alves e Ronilson Garcia Montrond que ilustram e enriquecem o universo poético do autor.
O livro nasceu da saudade, da convivência com a cultura cabo-verdiana e da necessidade de preservar a língua cabo-verdiana.
“Quis tornar a leitura acessível, visualmente apelativa e pedagogicamente rica”, sublinhou o autor, que vive nos Estados Unidos desde 1989.
Além dos poemas, o livro integra um glossário com mais de duas centenas de expressões idiomáticas foguenses, reforçando o seu carácter pedagógico e o contributo para a língua materna, especialmente no ano em que Cabo Verde celebra os 50 anos da independência nacional.
Alberto Alves explicou que “Arbisa d’un Jornáda”, significa “novidade de uma caminhada”, uma etapa marcante de um percurso iniciado com a escrita de letras de música.
Entre os seus poemas transformados em canções destacam-se Paranóia (interpretado por Miri Lobo) e Sonho de Imigrante (por Assol Garcia).
Neves afirmou ter sentido a responsabilidade de transformar o seu percurso artístico num contributo literário.
“Mesmo sem apoios formais, com a ajuda de pessoas da comunidade, fui encontrando formas de concretizar este projecto. Não é um caminho pessoal, é o caminho do povo, da nossa comunidade, tanto na diáspora como em Cabo Verde”, apontou o autor.
Segundo o autor, a obra também representa um acto de coragem e de compromisso com as suas raízes, com o apoio simbólico da comunidade.
Com esta obra, Alves espera inspirar os mais jovens a valorizar o crioulo e a sentirem orgulho da sua identidade linguística e cultural.
“Sou apenas um veículo daquilo que é o nosso povo. Que este livro ajude a resgatar palavras e sentimentos que estavam adormecidos”, concluiu.
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Inforpress/Fim
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