
Cidade da Praia, 29 Dez (Inforpress) – As vendedeiras do Mercado Municipal do Platô apontam vendas moderadas no período pós-Natal e expectativas cautelosas para a passagem de ano, num contexto marcado por dificuldades económicas, baixo poder de compra e fraca movimentação dos consumidores.
Entre bancas com oferta reduzida e compradores mais selectivos, vendedoras apontam os preços elevados dos produtos agrícolas, o desemprego e a emigração jovem como fatores que continuam a travar o dinamismo comercial nesta época festiva.
Durante a manhã de hoje, a Inforpress constatou que a circulação de pessoas no Mercado do Platô foi constante, porém sem grandes aglomerações, com consumidores a privilegiarem compras pontuais e em pequenas quantidades, sobretudo de produtos essenciais, tendo sido auscultadas algumas vendedeiras locais.
Tomate, pimentão, cebola e outros hortícolas continuam entre os artigos mais procurados, embora os preços variem consoante a qualidade e a disponibilidade.
Maria da Moura considera que o Natal decorreu de forma tranquila, mas com vendas abaixo das expectativas habituais para esta altura do ano.
“O Natal não esteve tão mal, graças a Deus. Quem conseguiu, conseguiu. Eu consegui vender um pouco, batata, tomate, pimentão… não foi grande coisa, mas deu para aguentar”, afirmou à Inforpress.
Segundo a vendedora, a actual tabela de preços, elevada, resulta sobretudo das dificuldades enfrentadas pelos agricultores, nomeadamente devido às chuvas irregulares que afetaram a produção e a oferta no mercado.
“O preço exagerado não é culpa só nossa. A chuva prejudicou os agricultores, levou muita coisa. É o preço que está no momento. O tomate está a 800, 700, 500 escudos, depende”, explicou, acrescentando que a retoma da produção poderá contribuir para uma descida gradual dos preços.
Quanto à véspera da passagem de ano, Maria Isabel admite que possa haver algum acréscimo na procura, ainda que limitado pelo baixo poder de compra.
“O Ano Novo tem venda, mas é pouco. É mais para quem tem dinheiro. Tem gente que nem consegue pôr nada na balança”, disse.
Opinião semelhante é partilhada por Izilita da Veiga, que classifica as vendas do Natal como “mais ou menos” e aponta factores estruturais para a fraca movimentação.
“Tudo depende do trabalho que as pessoas têm. Muita gente está a emigrar, principalmente os jovens, e isso deixa Cabo Verde preocupado. Quando os jovens vão embora, as coisas ficam mais fracas”, afirmou.
Para a vendedora, a ausência de emprego reflete-se não apenas no consumo, mas também no ambiente festivo da cidade.
“Aqui no Platô, o Natal foi triste: pouca venda, pouco produto”, referiu, defendendo maior intervenção do Estado na criação de oportunidades de trabalho.
Relativamente às perspetivas para 2026, ambas as vendedoras apontam a criação de emprego e a dinamização da economia como factores decisivos para a recuperação das vendas e para um mercado mais animado.
“Sem dinheiro, não há venda”, resume Izilita da Veiga, ao salientar que o desemprego continua a ser o principal entrave ao comércio informal.
Apesar das limitações registadas, as vendedoras do Mercado do Platô mostram-se esperançosas de que a passagem de Ano possa dinamizar as vendas, salientando, contudo, que uma retoma consistente dependerá de melhorias concretas na economia e na criação de emprego em Cabo Verde.
A recuperação das vendas, segundo apontam, está intimamente ligada à estabilidade econômica, ao aumento do poder de compra e à capacidade das famílias de participarem plenamente nas festividades.
KA/SR//AA
Inforpress/Fim
Partilhar