Mindelo, 08 Fev (Inforpress) – O presidente da Associação Agropecuária do Calhau pediu hoje ao Governo uma reformulação do crédito agrícola para criar mais facilidade de acesso, salientando que a exigência da declaração do título de posse tem dificultado o acesso ao financiamento.
Em declarações à Inforpress, Ederley Rodrigues explicou que um dos requisitos exigidos actualmente para aceder à linha de crédito agrícola, criada pelo Governo, é a declaração do título de propriedade, mas nem todos os agricultores tem a posse dos terrenos pelo que esse requisito impede o acesso a financiamento para potenciar as suas actividades.
“A maioria das pessoas não trabalha no seu terreno, às vezes o terreno é alugado e, para adquirir um crédito para produção é mais difícil. Ainda mais se for por estrutura, porque ninguém vai fazer uma estrutura num terreno alugado para depois entregar o terreno e ficar de perda. Eles tinham que reformular o crédito para criar mais facilidade”, defendeu, acrescentando que em Ribeira do Calhau poucas pessoas já conseguiram o crédito desde que foi criado.
Outro entrave no acesso ao crédito, segundo a mesma fonte, prende-se também com a necessidade do agricultor de entregar um projecto elaborado por um especialista além de outras exigências documentais que acarretam gastos que nem sempre consegue suportar.
“A Pró-capital entra com 15 por cento (%) do valor do investimento. Ela entra em termos administrativos até a pessoa conseguir um capital inicial e depois sai. O problema é que para ter capital o agricultor tem que ter uma boa produção e dinheiro para investir. Também tem que tirar documentos, ter pessoas específicas que entendem de pecuária ou agricultura para fazer o projecto e tudo isso fica muito dispendioso”, explicou.
Para Ederley Rodrigues, tendo em conta que os agricultores trabalham em campo aberto e são afectados por factores climáticos como vento, pragas e a secas, que dificultam o desenvolvimento da produção agrícola, era necessário que os decisores tivessem em mente as adversidades.
“Pede-se um crédito na agricultura, depois surge uma praga de gafanhoto que dizima o cultivo e o agricultor fica com outras despesas além do crédito para pagar. Por isso defendo que tinham de disponibilizar um crédito mais acessível para as necessidades rápidas e dar-nos uma lufada de ar fresco”, arrematou.
CD/CP
Inforpress/Fim
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