Mindelo, 04 Fev (Inforpress) – O ministro do Mar, Abraão Vicente, apelou hoje, no Mindelo, à uma reflexão sobre a “calamidade nacional” de jovens sem profissão e com vidas perdidas devido à prática do mergulho em condições de pouca segurança.
O governante deixava este recado ao presidir ao workshop sobre “Segurança na pesca e mergulho comercial – Socialização do projecto de segurança e prevenção contra acidentes de mergulho” realizado hoje, num dos hotéis da cidade do Mindelo, pela Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (Apesc).
“Temos neste momento uma calamidade a nível nacional de jovens, chefes-de-família, que perdem, não só a sua vida, mas, também a sua profissão e qualquer esperança de vida pela prática do mergulho em condições de pouca segurança”, considerou Abraão Vicente, que deu os parabéns à Apesc por tornar o workshop como acto central de comemoração do Dia Nacional dos Pescadores, assinalado na segunda-feira, 05.
O ministro disse ter constatado no terreno, durante a sua visita aos concelhos de Santo Antão na semana passada, este problema, que, a seu ver, deve ser motivo de reflexão, não só da parte do Governo, mas, das associações de pescadores e dos próprios jovens como profissionais do sector.
Da parte governamental confirmou haver “toda a disponibilidade” para criar as condições que se adequam, desde a compra de câmaras hiperbáricas para tratamento e formação de uma equipa técnica”.
Entretanto, admitiu haver “falha do Estado” no que toca a criação de mecanismos para a certificação dos equipamentos de mergulho.
Daí, a intenção de ver algumas respostas após o workshop, vindas dos profissionais, dos armadores e das comunidades piscatórias e de avançar com uma parceria com a Apesc para criar os programas de aquisição de equipamentos, mas, também viradas para educação e sensibilização.
Da parte da organização, o representante da Apesc, Suzano Vicente, afirmou que o ateliê tem como propósito alertar para o problema vivido em Cabo Verde de “muitos mergulhadores” vítimas da chamada “doença de descompressão, doença do mergulho, ou doença do caixão”.
“Trouxemos especialistas, trouxemos pessoas que entendem da matéria para conjuntamente reflectirmos, com os nossos mergulhadores, para vermos as melhores práticas de forma a atenuar os riscos dessa actividade”, sublinhou.
Neste sentido, segundo a mesma fonte, a associação já assinou também um protocolo com a Universidade Aveiro e com um “grande médico” de medicina hiperábica para delinear as medidas a serem tomadas.
“Para apresentar propostas concretas ao Governo, para mostrar que esta iniciativa vem de baixo, mas, achamos que vai ser bem acolhida por parte do Governo”, enfatizou.
O evento contou ainda com a intervenção do representante da Garantia, principal financiador do projecto “Segurança e prevenção contra acidentes de mergulho” com a qual a Apesc venceu agora em 2024 o Prémio Garantia Comunidades, que presta apoio a entidades com programas ligados a pessoas com deficiência.
O prémio, que já vai na terceira edição, teve, em São Vicente, mais uma vencedora, a Associação Só Luz e, em Santiago, as associações Colmeia, Lar e Residência Sénior São Francisco e Liga Nazarena de Solidariedade.
LN/ZS
Inforpress/Fim
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