São Filipe, 09 Fev (Inforpress) – O projecto de Reforço Familiar e Proteção Infantil em São Filipe, resultante de uma parceria entre a câmara e as Aldeias Infantis SOS Cabo Verde, vai contemplar 150 famílias e 450 crianças de três comunidades do município.
O projecto, que conta com um financiamento de 12 mil contos por parte das Aldeias SOS de Alemanha, foi oficializado hoje com a sua apresentação e vai contemplar as famílias das comunidades de Patim e Monte Grande (sul) e Beltches (arredores da cidade) comunidades que foram seleccionadas devido ao elevado número de crianças monoparentais e elevado índice do alcoolismo e outros males.
As três comunidades estão integradas através das suas respectivas associações comunitárias, mas a implementação do projecto incluiu outros parceiros, além da câmara e das Aldeias SOS de Cabo Verde, nomeadamente o Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA), delegação dos ministérios da Educação e Saúde, serviços desconcentrados do Estado com actuação no sector da infância, organizações não-governamentais e organizações de base comunitária e instituições religiosas.
No acto do lançamento a que se seguiu a assinatura de acordos de cooperação entre as partes envolvidas na implementação do mesmo, o presidente da câmara, Nuías Silva, disse que se está a materializar a vontade das partes para contribuir para o desenvolvimento sociocomunitário das comunidades selecionadas, lembrando que o financiador é de um país que tem uma história muito forte de cooperação com a ilha do Fogo e, quiçá, poderá representar novos passos para recuperar esta cooperação que foi muito importante para o município e a ilha.
O edil disse que desde que a sua equipa assumiu a liderança do município tem tido preocupação com a questão das vulnerabilidades e precariedades existente em algumas comunidades e que podem perigar todo o processo de coesão municipal que pretende para o desenvolvimento do município.
“O desenvolvimento reside na força das pessoas mais jovens, crianças e jovens, que queremos, venham a ser o futuro do país”, afirmou Nuías Silva, apontando por isso a necessidade de se ter um olhar crítico sobre a protecção que é uma tarefa concreta do governo e das câmaras.
“As câmaras por estarem mais perto das comunidades devem ter um papel de desenhar e mapear aquilo que é realidade comunitária, ver as razões que estão na base dos problemas e fazer o trabalho de levantamento das necessidades”, disse Nuías Silva, sublinhando que o projecto está alinhado com o pensamento estratégico da sua edilidade.
Para o autarca, o projecto deve ser sustentável, e não emergencial, para o reforço da coesão e sustentabilidade, explicando as razões da selecção das três comunidades e anunciando investimentos avultados para as comunidades de Beltches e Patim como exemplo de actividades para reverter o quadro de fragilidade, do alcoolismo e de outros males que afligem as pessoas e mitigar o problema juvenil, observando que a atenção da câmara deve ser global.
Nuías Silva espera que com os recursos investidos, cerca de 12 mil contos, nos próximos quatro anos e com a implementação das acções do projecto possa registar um reforço familiar e protecção infantil, mas também famílias empoderadas e exemplares nas comunidades.
Já o director nacional das Aldeias SOS de Cabo Verde, Alexandre Rocha, destacou que após um conhecimento aprofundado da realidade da ilha e do município decidiu-se em parceria com a câmara avançar com este projecto.
Segundo o responsavel, o projecto de Reforço Familiar e Proteção Infantil em São Filipe é um contributo que as aldeias SOS trazem para a ilha do Fogo, lembrando que a responsabilidade primeira para com a família e a toda a comunidade é da câmara e do governo que devem assegurar o bem-estar da população.
“É um contributo pelo reconhecimento do esforço que a câmara tem feito neste sector”, disse Alexandre Rocha, sublinhando que a Aldeia SOS de Cabo Verde quer com o pouco da sua experiência e dos recursos que mobilizam ajudar a ilha do Fogo, ajudando no combate à pobreza e vulnerabilidade.
“Ajudamos 150 famílias de forma consistente e com tudo que é necessário para deixar a situação de pobreza e a partir dos quatro anos as associações passam a assumir a liderança do projecto para dar continuidade”, afirmou Alexandre Rocha, manifestando o engajamento das Aldeias SOS para com os recursos e competências apoiar as comunidades.
A representante das Aldeias SOS de Alemanha, Aline Datz, através da plataforma, afirmou que enquanto representante da SOS Alemanha, financiador deste projecto, quer testemunhar o iniciar do projecto de protecção infantil e fortalecimento familiar em São Filipe.
Segundo a mesma, através da parceria com SOS Cabo Verde, câmara, associações comunitárias e parceiros locais o projecto, cujo foco é contribuir para que as crianças de São Filipe possam crescer num ambiente acolhedor e protetor, através do empoderamento familiar, venha a ter o impacto desejado.
“Pela experiência da SOS e engajamento das partes interessadas estamos cientes de que o projecto será um sucesso e atingira o impacto desejado”, afirmou Aline Datz, lembrando os parceiros que serão necessários muito esforços, desde o início, para acompanhamento e monitoramento muito detalhado e uma comunicação aberta e sincera.
“Precisamos trabalhar em rede e criar uma sinergia forte à volta do projecto”, disse, disponibilizando para apoiar, mostrando convicta de que junto as partes podem melhorar a vida das crianças e famílias mais vulneráveis de São Filipe e de Cabo Verde.
A anteceder ao lançamento do projecto, foi ministrada uma acção de formação com duração de três dias sobre “cuidado e protecção de crianças” destinada às associações comunitárias de Beltches, Patim e Monte Grande, assim como a entidades parceiras e potenciais parceiras e candidatos à função de coordenação de projectos.
JR/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar