São Vicente: Projecto Matriz Téxtil Insular vai permitir preservar mais saber-fazer à volta do algodão

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São Vicente: Projecto Matriz Téxtil Insular vai permitir preservar mais saber-fazer à volta do algodão
05/06/25 - 01:00 am

Mindelo, 05 Jun (Inforpress) – O colectivo Neve Insular, que tem desenvolvido actividades com a Associação Agropecuária de Calhau e Madeiral, em São Vicente, acredita que o projecto Matriz Téxtil Insular vai permitir preservar mais o saber-fazer à volta do algodão.

Quem o disse foi a co-promotora da iniciativa, Vanessa Monteiro, durante a apresentação do projecto na quarta-feira, 04, no Centro Agroecológico de Madeiral. 

O saber-fazer à volta do algodão tem agora, segundo a mesma fonte, “pernas para andar” com o novo projecto Matriz Téxtil Insular, da autoria do colectivo Neve Insular, que vai permitir desenvolver diversas actividades nos campos da cultura, educação e turismo.

Significa, ajuntou, o culminar de seis anos de experiência do colectivo que está pronto para continuar, mas, considerou, de uma forma “melhor apoiada financeiramente”.

“O que permitirá uma recolha de um maior saber-fazer, não só de São Vicente, mas também da ilha de Santiago e ainda de parceiros e artistas próximos geograficamente, por exemplo do Senegal”, sinalizou.

Matriz Téxtil Insular é um projecto de três anos e vai ajudar a valorizar todo o percurso feito junto da comunidade e da Associação Agropecuária de Calhau e Madeiral, das mulheres e dos agricultores, existindo margem para desenvolvimento.

Uma realidade, que, tal como considerou a co-autora, vai além do algodão, com matizes no desenhar de relações entre as entidades envolvidas, passando pelas vertentes ecológica, educativa, turística e a própria valorização do meio rural.

Por outro lado, acrescentou, abrange técnicas mais específicas no lado cultural como fiação, tingimento, resgate de todo o conhecimento do pano d´obra, que está perdido há décadas, devido aos custos de produção.

E tudo isso é consolidado através de publicações, manuais e registos audiovisuais.

Da parte da comunidade, o presidente da Associação Agropecuária de Calhau e Madeira, Ederley Rodrigues, afiançou que o impacto das acções do “Neve Insular” tem sido louvável, porque, para além do cultivo do algodão, tem  formado mulheres em agroecologia e futuramente suplantar o défice de mulheres na agricultura, em São Vicente.

“Então, é para aumentar a nossa mão-de-obra e que elas mesmas tenham um rendimento mais digno”, sublinhou Ederley Rodrigues, para quem este investimento permite diversificar as aptidões das mulheres da localidade, como deixar de ser somente vendedeiras.

Mais ainda, vai divulgar uma história da comunidade, antes desconhecida, já que o algodão nos últimos tempos era só visto como planta silvestre.

“Agora é possível mostrar todo processo de fiação até terminar num vestuário, algo que está a ser trabalhado também nas crianças das escolas locais”, realçou.

O Matriz Téxtil Insular tem o financiamento do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, IP, num montante superior a 300 mil euros, que, segundo a adida para Cooperação Portuguesa, Odete Ferreira e Serra, foi empregue com “muito gosto” devido à importância do projecto na valorização da cadeia do algodão.

Conta ainda com co-promoção e co-financiamento de Vanessa Monteiro Design e com a co-promoção da Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral (AAPCM) e do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade / Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (i2ADS/FBAUP).

Tem como parceiro institucional o Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAD).

LN/AA

Inforpress/Fim

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