Mindelo, 14 Abr (Inforpress) – Os bombeiros municipais, que se manifestaram hoje, no Mindelo, confirmaram que não vão assinar mais actas de entendimento com a Câmara Municipal de São Vicente e prometem não baixar os braços, inclusive, com a possibilidade de greve.
Uma postura assumida pelos efectivos da classe que se apresentaram no protesto amordaçados e munidos de cartazes e cuja manifestação, iniciada no quartel, teve como ponto final a Praça Dom Luís, a poucos metros da câmara municipal onde decorria a sessão solene do Dia da Cidade do Mindelo.
Aliás, o presidente da edilidade, Augusto Neves, foi o principal visado das reclamações feitas pelo representante da classe, o delegado do Sindicato da Indústria, Agricultura, Comércio e Serviços Afins (SIACSA), Heidy Ganeto.
O sindicalista apontou como razões três actas de entendimento assinadas e que até agora não foram cumpridas, assim como as promessas de promoções e do aumento de efectivos.
Preocupações que, segundo a mesma fonte, já foram encaminhadas ao Supremo Tribunal de Justiça, mas que não impede a continuidade de manifestações e outras formas de luta, como greves.
“Não vamos assinar mais actas de entendimento, mas somente aguardar resoluções efectivas”, afiançou Heidy Ganeto, referindo que quem não cumpre a lei é a câmara municipal.
Por outro lado, acrescentou, os bombeiros municipais enfrentam “situações de assédio moral” criadas pelo comandante da corporação.
“O presidente [da câmara municipal] está a levar o assunto em modo de brincadeira, mas está a tornar-se sério e tememos que chegue a algo físico”, alertou a mesma fonte, com a indicação de que o próprio delegado sindical já foi vítima.
Instado pela imprensa, o delegado sindical, Milton Lima, confirmou ter sofrido várias tentativas, mas que, assegurou, não o intimidam.
“O delegado sindical não é nenhum arruaceiro e por isso tudo o que a legislação permitir para defender os nossos interesses, estamos na luta diariamente”, assegurou, ao apontar exemplos como obrigar pessoas a fazer o que não está na lei e ainda “intimidações”.
Milton Lima também colocou tónica na escassez de efectivos, neste momento de somente oito, apoiados pontualmente por alguns voluntários, quando na lei deveriam ser pelo menos 30.
Por isso, conforme a mesma fonte, apesar das várias manifestações ainda sem respostas, não descartam a greve.
“Estamos a evitar chegar a esse extremo, porque uma vez que estivermos em greve podem acontecer situações que não vamos dar resposta, porque estaremos a exercer um direito constitucional”, alertou Milton Lima, que pede cumprimento por parte da edilidade.
Confrontado pela imprensa, o vereador da área, José Carlos da Luz, remeteu ao facto de se estar a um ano das eleições e asseverou que os bombeiros estão a ser utilizados como “caixa de ressonância” para “certos interesses políticos”.
Indo mais longe, explicou que a maioria dos funcionários da corporação tem no final do mês um rendimento de três dígitos, se se contabilizar o salário e os diversos subsídios.
“Outros serviços da câmara municipal têm reclamado do privilégio que tem a classe dos bombeiros”, justificou José Carlos da Luz.
Mesmo assim, acrescentou, já foi aprovada a contratação de 12 a 15 efectivos e o departamento de Recursos Humanos já está a trabalhar sobre as reclamações de promoções.
Quanto à denúncia de assédio moral, José Carlos da Luz demonstrou confiança no “bom trabalho" do comandante, que, enalteceu, só está a fazer as devidas exigências de serviço.
LN/HF
Inforpress/Fim
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