Porto Novo, 22 Fev (Inforpress) – O grogue genuíno produzido em Santo Antão está "em alta" depois da sua presença no Fórum Mundial do Rhum, que aconteceu, recentemente, em Paris, França, em que esta ilha esteve representada pela marca Quinta Mansa.
Quem diz é o proprietário da Quinta Mansa, Alírio Rocha, que, em declarações à Inforpress, disse que, mesmo sem o apoio do Governo, apesar das expectativas criadas inicialmente, a presença de Santo Antão e Cabo Verde nesse evento mundial foi “um sucesso”, graças ao apoio da própria organização do fórum e da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
“Infelizmente não recebemos nenhum contributo do Governo, mas mesmo assim Cabo Verde esteve muito bem representado no fórum com um dos melhores grogues presentes neste evento. A nossa presença esteve à altura da bandeira de Cabo Verde”, notou Alírio Rocha, destacando todo o esforço do mentor do fórum e da edilidade ribeira-grandense para que Santo Antão se fizesse representar neste certame mundial.
E graças à participação de Santo Antão no Fórum Mundial do Rhum, a aguardente certificada nesta ilha e de Cabo Verde passou a ser melhor conhecida, já que o evento serviu para promover o produto, adiantou o produtor.
Aliás, não foi por acaso que o grogue nacional presente no Fórum Mundial do Rhum, que decorreu entre os dias 13 e 15 de Fevereiro, em Paris, integrou os “20 principais actores do grogue no mundo inteiro”, facto que, avançou, foi realçado pela imprensa internacional.
Depois do fórum, a Quinta Mansa e os produtores do grogue genuíno esperam “muito” no que tange ao futuro do grogue, abrindo-se “boas perspetivas” para este produto no mercado internacional, estando já em preparação um projecto nesse sentido, informou Alírio Rocha.
Lembrou que se trata de um projecto para, de uma forma consistente, levar o grogue certificado de Santo Antão para a Europa para a venda e para o envelhecimento, que pode ser concretizado a partir de 2025.
“Ainda este ano não deverá ser possível, mas o projecto vai avançar”, sublinhou este produtor, que realçou a “boa aceitação” de que o grogue nacional presente no evento foi alvo por parte dos visitantes, considerando que este produto tem tudo para se singrar no mercado internacional.
A marca santantonense Música e Grogue, que a convite da Quinta Mansa, esteve também presente no Fórum Mundial do Rhum, tem vindo a exportar o grogue para a França desde 2018, mas Alírio Rocha lembrou que, há dez anos, a aguardente genuína de Santo Antão foi levada para França e Holanda pela Quinta Mansa.
Daí, acreditar que a Europa é um mercado que pode ser promissor para o grogue cabo-verdiano, particularmente o de Santo Antão, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente.
Reza a história de que, em 1900, o grogue produzido em Santo Antão a partir da cana canarina, presente num fórum em França, teria sido galardoado pelas autoridades francesas pela sua qualidade.
Depois do Mundial do Rhum, Paris voltará a receber, em Maio, mais um evento internacional de promoção do grogue, a Rhum Fest de Paris, em que Cabo Verde esteve presente, em 2023, através da Música e Grogue.
Porém, caso houvesse apoio do Governo, Quinta Mansa e outras marcas poderiam participar na edição 2024 do evento, outra montra que tem promovido dezenas de marcas de rhums a nível mundial, inclusive do grogue, que tem sido destacado por sites especializados na promoção do rhum a nível mundial.
Contudo, em termos de valorização do grogue, Cabo Verde tem ainda um longo caminho a percorrer, no entender deste produtor, segundo o qual, ao contrário de outros países, o Governo de Cabo Verde não tem ajudado nessa tarefa de valorizar a aguardente nacional.
“Em termos de valorização do grogue, Cabo Verde está muito atrasado”, lamentou Alírio Rocha, para quem, depois de 2015, a qualidade do grogue em Santo Antão tem diminuído, alertando ao Governo para “tomar iniciativas” para ajudar os produtores a “alavancar esta actividade” pelo peso que tem na economia da ilha e de Cabo Verde.
A Quinta Mansa, que fica em Chã de Igreja, Ribeira Grande, produz, anualmente, entre seis e sete mil litros de aguardente, produção que é toda engarrafada e comercializada no mercado nacional, onde tem “uma boa aceitação”, garante este produtor, para quem se trata de uma empresa que prima pelo cultivo da cana preta que permite produzir um grogue de “de grande qualidade”.
JM/CP
Inforpress/Fim
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