
Ribeira Grande, 11 Nov (Inforpress) – O Festival Sete Sóis Sete Luas e o recém-remodelado Centrum da Ribeira Grande, em Santo Antão, necessitam de um orçamento próprio para assegurar uma programação “regular, estável e digna”, considerou hoje o director do evento.
Marco Abbondanza sublinhou, à margem do regresso do festival à cidade que o viu nascer, que a previsibilidade financeira é uma questão “de dignidade e de justiça cultural”, indispensável para garantir o acesso à arte e à criação a todos os ribeira-grandenses, aos santantonenses e também aos turistas que visitam a ilha.
O responsável frisou que o pedido de apoio orçamental ao Governo “não é a favor” da Associação Sete Sóis, mas “exclusivamente da Ribeira Grande e dos seus artistas”, defendendo que o Centrum deve afirmar-se como “o cartão de visita cultural” da ilha.
Para o director, a cidade “tem direito a um centro cultural à altura das grandes capitais europeias”, um espaço permanente para os seus artistas e ponto de encontro entre criadores locais e internacionais.
“Isso seria um ganho coletivo para a cultura, para o turismo e para a economia local”, observou.
Marco Abbonanza recordou ainda que o projeto foi distinguido em 2009 com um prémio internacional de 50 mil euros, entregue na presença dos Prémios Nobel José Saramago e Dario Fo, “prova do valor e do reconhecimento do trabalho desenvolvido”.
Apesar de reconhecer a “forte vontade política” da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Marco Abbondanza apelou ao Governo para que o Centrum seja reconhecido como “um projeto estratégico nacional”, com verba própria no Orçamento do Estado de 2026.
“Não é apenas uma decisão económica, é um sinal político e cultural de grande alcance”, afirmou.
O diretor revelou também que o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já manifestou sensibilidade para o projecto e assegurou que a Associação Sete Sóis está preparada para uma gestão autónoma, sem custos internacionais, recorrendo a jovens técnicos locais para dinamizar o espaço durante todo o ano.
O regresso do Festival à Ribeira Grande, após um ano de pausa, motivado pela requalificação do Centrum, é visto por Abbondanza como “um reencontro com a história e com a alma da cidade”.
Marco Abbonanza lembrou os “momentos mágicos de 1998”, quando o evento levou corridas de cavalos, embaixadores e multidões às ruas da cidade, num entusiasmo que, segundo diz, “ainda ecoa na memória colectiva”.
Visivelmente comovido com a reabertura do espaço cultural, evidenciou a relação “profundamente enraizada” entre o Festival e a Ribeira Grande, sublinhando que o projeto simboliza “o compromisso com a descentralização cultural e o direito das comunidades locais a uma programação artística contínua e de qualidade”.
“Santo Antão é uma ilha cultural por excelência e merece um centro à altura da sua alma artística”, concluiu.
Criado há mais de três décadas, o Festival Sete Sóis Sete Luas desenvolve actividades culturais em mais de 30 cidades da Europa, África e América Latina.
Em Cabo Verde, mantém centros culturais nas ilhas da Brava, Fogo, Maio e agora de novo na Ribeira Grande, Santo Antão.
LFS/AA
Inforpress/Fim
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