Santo Antão: Agricultores de Lagoa dizem que ano agrícola é “desolador” e pedem ajuda urgente ao Governo

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Santo Antão: Agricultores de Lagoa dizem que ano agrícola é “desolador” e pedem ajuda urgente ao Governo
14/10/25 - 03:08 pm

Ribeira Grande, 14 Out (Inforpress) – Os agricultores de Lagoa, no Planalto Leste, Santo Antão, afirmaram hoje que o ano agrícola de 2025 está, praticamente, perdido e descrevem a situação como “desoladora” devido à seca e à falta de chuva na zona.

Francisca Baptista, agricultora, disse aos jornalistas, que as plantações estão a secar e que os agricultores estão já a preparar-se para o pior.

“Do que vejo, este ano agrícola está comprometido, porque as plantações já secaram e já estamos a contar com o pior. Embora ainda tenhamos alguma esperança de que, até ao final do ano, caia alguma chuva, ainda estamos com esperança. Semeámos batata-inglesa e milho, mas não nasceram. Agora esperamos que o Governo nos ajude, porque, na seca, se não tivermos ajuda, sofremos”, afirmou.

A agricultora sublinhou que a chuva “não foi favorável na zona da Lagoa” e que, se até ao final deste mês não chover, “não haverá nada para colher”.

Por sua vez, o agricultor Kiki descreve um cenário de incerteza total.

“Este ano agrícola está incerto. Já não temos esperança de nada neste momento. Tínhamos alguma, mas a chuva demorou e nem veio como esperado, por isso já não há esperança. Semeei batata e, mesmo que a chuva caia agora, já não consigo colher nada. Já não tenho garantia de nada”, lamentou, acrescentando que, além da perda das culturas, fica também com o prejuízo financeiro.

“Comprei sementes, semeei, paguei para semear, tudo é despesa e fiquei no prejuízo. Quanto ao milho, também estamos na mesma situação. Já é difícil colher alguma coisa. Agora esperamos que o Ministério da Agricultura nos ajude, porque já não temos mais nada. Até o pasto ficou vermelho, é muito complicado, já não é um pasto garantido. A única esperança é no feijão, mas há parcelas que já estão a secar. Este ano não temos esperança de nada”, reforçou.

Por sua vez, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Armindo da Luz, reconheceu que o cenário agrícola é preocupante.

“Sem dúvida, está à vista de todos que este não é um bom ano agrícola. Nalguns vales, acredita-se que a chuva foi suficiente para abastecer os lençóis freáticos, como nos vales da Ribeira da Torre, Ribeira Grande e Garça, mas também não é menos verdade que, sobretudo na Lagoa e na costa leste – Monte Joana, Pinhão e Lombo Branco –, há várias localidades que necessitam de uma intervenção estatal, porque o ano agrícola não é bom”, afirmou.

Armindo Luz sublinhou ainda a necessidade de uma acção urgente pois, segundo disse, apesar de em algumas zonas ter chovido bem, é necessário, e com alguma urgência, uma visita do próprio ministro da Agricultura e Ambiente para averiguar “in loco” a situação.

“Há várias localidades, sobretudo na Lagoa, que é um grande celeiro de produção de grão, onde a tendência do ano agrícola não é nada boa”, salientou.

Por isso, conforme o edil ribeira-grandense, vai ser preciso “uma boa ajuda” do Governo para apoiar os agricultores a fazer face, “infelizmente”, a mais um ano “fraco” no sector agrícola no concelho da Ribeira Grande”.

A Inforpress tentou igualmente contactar o delegado do Ministério da Agricultura na Ribeira Grande, Santo Antão, Orlando Jesus Delgado, mas até ao fecho desta notícia não tinha sido possível obter uma reacção sobre a situação relatada pelos agricultores de Lagoa.

LFS/HF

Inforpress/Fim

 

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