***Por Feliciano Monteiro, da Agência Inforpress***
Assomada, 11 Fev (Inforpress) – Joaquim de Andrade é um foguense que vive em Santa Catarina (Santiago), há 30 anos, e há quatro vende produtos típicos da sua ilha, uma forma que encontrou para matar saudades e manter ligação com a terra natal.
“Vim para Assomada (Santa Catarina de Santiago), em finais de 1994, aquando da erupção vulcânica, para trabalhar com o meu irmão na venda de roupas e calçados, e aqui fiquei até hoje”, contou à Inforpress o empreendedor, de 49 anos, que já foi dono de uma loja de roupas e calçados.
Conforme disse, depois de deixar o negócio de roupas e calçados por causa da “quebra” nas vendas, encontrou na revenda dos produtos típicos da sua ilha mais do que uma oportunidade de garantir o sustento da sua família, mas, uma forma de preservar a cultura foguense e apoia os produtores locais, cuja maioria é da sua família.
De entre os produtos destacam-se o famoso vinho do Fogo, mais conhecido por “manecom”, o queijo, feijões, sobretudo congo e fava, limão, batata doce, mandioca, e entre outros produtos da época cultivados nas encostas do Vulcão, em Chã das Caldeiras.
Segundo este homem, que trocou Cabeça Fundão, em Santa Catarina de Fogo por Assomada, em Santa Catarina de Santiago, estes produtos são muito procurados tanto por foguenses residentes nesse município, donas de casa e proprietários de restauração.
“Há quatro anos que comecei a vender produtos da minha terra natal [ilha do Fogo], confesso que a partir daí fiquei mais próximo dos meus familiares e da ilha do Fogo”, disse, lembrando que este negócio lhe foi proposto pelos próprios familiares que até hoje lhe enviam os produtos e ele dinheiro.
Questionado se não pretende abrir um espaço para revender estes produtos em vez de os vender nas ruas, sobretudo na rua pedonal de Assomada, disse que prefere deambular com seu carrinho de mão adaptado para caber vários produtos, sustentando que este tipo de produtos não dá para ficar parado em um local.
“Este tipo de negócio, em que temos vários produtos frescos, não dá para ficar num local parado, temos que nos movimentar para que as pessoas possam nos ver e comprar os produtos”, insistiu.
Hoje, aos 49 anos, Joaquim Andrade diz-se realizado por ter uma casa própria num dos bairros da cidade de Assomada iniciado com outro negócio – venda de roupas e calçados – e filhos criados.
“Aconselho os jovens a empreenderem quer neste negócio de revenda de produtos da ilha do Fogo ou noutro tipo de negócio. Vender nas ruas da cidade de Assomada e por ser homem não é vergonha, porque mais importante é ter dinheiro todos os dias para o sustento da família. Vergonha e desprezo é roubar”, concluiu o foguense.
Nesse município santiaguense, onde realiza-se feiras às quartas-feiras e sábados, assim como Joaquim de Andrade são muitos os homens que vendem produtos do Fogo, sobretudo queijo, e outros chás e cafés, pão de coco e doces pelas ruas da cidade de Assomada para sustentarem as suas famílias.
No entanto, a venda ambulante continua a ser dominada pelas mulheres.
FM/ZS
Inforpress/Fim
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