Mindelo, 26 Set (Inforpress) - O presidente do Instituto de Engenharias e Ciências do Mar (Isecmar), actulamente integrado como unidade orgânica na Universidade Técnica do Atlântico, disse hoje que o instituto já formou 22 mil pessoas durante os seus 40 anos.
António Varela falava à imprensa a propósito das cerimónias de comemoração dos 40 anos de formação marítima Isecmar, realizada no auditório do instituto no campus do mar na Ribeira de Julião.
“São cerca de 22 mil pessoas que foram formadas aqui. A relevância é enorme. O facto de Cabo Verde ser um País com maior parte da sua superfície é mar, torna-se necessário para as várias actividades, não só da marinha mercante, da pesca e por aí adiante, ter gente competente para o desenvolvimento dessa profissão”, regozijou-se António Varela também destacando a capacidade dos formandos da Isecmar em trabalhar no estrangeiro.
Concretamente, segundo António Varela, desde 1984, altura da criação do Isecmar, até esta data terão sido formados entre 700 a 800 oficiais na marinha mercante. E a nível das mestranças das quais marinheiros e maquinistas, o número é por volta dos 800 formados, acrescentou.
“Há os outros números que são importantes, por exemplo, os cursos de qualificação e certificação internacionais, sem os quais o pessoal, mesmo tendo terminado o curso, não fica apto para desenvolver a profissão a nível internacional. Aí o número é elevadíssimo”, destacou.
Segundo o presidente do Isecmar, a relevância do instituto cresceu ainda mais, principalmente actualmente na União Europeia, onde se sabe que os jovens europeus não estão interessados em trabalhar na área marítima, por mais incentivos que sejam criados. Pelo que, considerou, é uma “boa” oportunidade para o instituto formar marítimos para trabalharem na marinha mercante internacional.
“Nós podemos ver qual é o impacto que poderá ter isso, economicamente, para o País. Nós temos gente que trabalha nos navios, não gasta nada porque o lugar de trabalho é o lugar onde eles têm tudo aquilo que necessitam para a sustentabilidade. E tendo a família em Cabo Verde é algo que certamente tem esse impacto”, argumentou António Varela.
No entanto, para o presidente do Isecmar, há muitos desafios que o instituto enfrenta, por exemplo, lembrou, há necessidade de um maior envolvimento para dar maior suporte à área da formação marítima com investimentos nas infra-estruturas.
“No início foi feito um grande esforço para pôr o barco a andar. O barco depois de andar, como acontece com as embarcações, é sempre preciso fazer ‘upgrades’, adaptações, manutenções e por aí adiante. No nosso caso é exactamente isso. Nós precisamos de mais formação, mais investimentos e intervenção do Estado na área das infra-estruturas”, disse a mesma fonte, afirmando que não houve muitas mudanças nas instalações do instituto em relação ao que já estava lá há 40 anos.
Outro desafio, segundo António Varela, prende-se com a necessidade de aumentar o número de professores para colmatar a lacuna deixada pelos que já se aposentaram.
“Temos tido dificuldades em recrutar jovens, nesse caso pessoas já licenciadas ou mestres, para integrarem a nossa universidade para desenvolverem essa área. É preciso apoio à formação dos docentes e também aquilo que vemos que poderá dar um impulso maior é o número de estudantes”, afirmou ainda a mesma fonte, para quem outro desafio é o da internacionalização para que o instituto tenha mais alunos da costa ocidental africana e dos países africanos de língua portuguesa.
Neste particular, António Varela informou que este ano o instituto disponibilizou dez vagas para estudantes de São Tomé e Príncipe e outros dez para alunos de Timor Leste.
De acordo com dados históricos publicados no site do Isecmar, a formação no sector marítimo em Cabo Verde, remonta a Julho de 1958, portanto contexto de colonização ainda, quando foi criada a Escola de Cabotagem de Cabo Verde e a Agosto de 1970 com a criação da Escola Náutica.
Em Junho de 1982, em decorrência do processo de desenvolvimento da frota da Marinha Mercante nacional pelo Governo e da necessidade do aperfeiçoamento da mesma e dos recursos humanos, foi criado o Centro de Formação Náutica (CFN), que substituiu assim a Escola de Cabotagem. O CFN iniciou as actividades de formação em 1984.
Em 1996, o CFN foi substituído pelo Instituto Superior de Engenharia e Ciências do Mar (Isecmar).
As celebrações dos 40 anos do Isecmar acontecem no mesmo dia em que se comemora o Dia Mundial do Mar, assinalada anualmente pela Organização Marítima Internacional (IMO).
O objectivo é chamar a atenção para a importância global das indústrias marítimas para o comércio mundial, assim como a promoção da segurança no transporte marítimo e para ajudar a proteger o ambiente marinho.
CD/ZS
Inforpress/Fim
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