***Por: Lucilene Salomão, da Agência Inforpress***
Ribeira Grande, 06 Dez (Inforpress) – A falta de iluminação pública tem-se espalhado como uma sombra sobre quase todas as localidades do concelho da Ribeira Grande, em Santo Antão.
A escuridão, que se tem intensificado nos últimos tempos, não só compromete a segurança das pessoas, como afecta a qualidade de vida da comunidade, especialmente nas zonas rurais, onde o “breu” se transforma numa ameaça constante.
A história de Andresa Lima, natural de Mocho da Garça, é um exemplo do impacto dessa falta de luz e descreveu a situação com uma "frustração" evidente.
"Vivemos num deserto sem iluminação. Quando chega a noite ficamos numa escuridão total. Se alguém precisar de luz para chegar à estrada principal, a única opção é acender o telemóvel", relatou.
A mesma fonte fez um apelo à Câmara Municipal da Ribeira Grande pedindo mais empenho para pressionar a EDEC e garantir que as autoridades tomem as rédeas da situação.
Na localidade de João Dias, até Boca de Ribeira Duque, o quadro é semelhante. João Baptista, que falou em nome dos moradores da localidade, descreveu a situação como uma "injustiça".
“Todos têm direito à iluminação pública e nós pagamos por isso. Quando instalaram os postes de luz, deixaram a nossa zona à parte. Não compreendemos o motivo dessa discriminação. Vivemos na escuridão e muitos de nós tem medo de sair a pé à noite", desabafou.
A falta de iluminação também é um "tormento" diário para os moradores de Figueiral.
Daniel Gomes, um dos residentes, explicou que a escuridão é "uma constante" na zona, praticamente todos as lâmpadas estão avariadas.
"Já reportámos este problema à EDEC inúmeras vezes, mas a situação não melhora. Não temos respostas concretas e a frustração cresce. As nossas famílias vivem numa constante sensação de insegurança", lamentou.
As queixas sobre a iluminação pública não se limitam apenas a alguns pontos isolados do concelho. Durante várias sessões da Assembleia Municipal, os eleitos municipais já alertaram para a "gravidade" do problema da falta de iluminação pública.
Essa realidade não é exclusiva da Ribeira Grande, as dificuldades com a iluminação pública afectam também outras localidades de Santo Antão. Nos últimos meses, os presidentes das câmaras municipais de Ribeira Grande, Paul e Porto Novo levaram a questão à administração da EDEC, pedindo investimentos e melhorias urgentes na rede de iluminação pública, que tem vindo a deteriorar-se em várias zonas.
Há quatro meses, durante uma visita a Santo Antão, o administrador-executivo da EDEC, Osvaldino Lopes, anunciou que a ilha receberia um investimento imediato de 115 mil contos no sector de energia eléctrica, abrangendo os três municípios.
No entanto, a promessa gerou mais expectativas do que resultados concretos, pois, até agora, muitos moradores continuam a aguardar pelas melhorias na iluminação pública.
No cenário político, a questão da iluminação pública tornou-se um tema central nas recentes campanhas eleitorais para as autárquicas de 2024.
O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, eleito, Armindo Luz, durante a campanha, criticou a gestão da iluminação pública, particularmente nas áreas rurais.
Embora a responsabilidade pela manutenção da iluminação pública recaia sobre a EDEC, Armindo Luz reconheceu que a câmara municipal tem um papel essencial na busca de soluções.
“Não podemos continuar a viver às escuras. A iluminação pública não é directamente responsabilidade da câmara municipal, mas somos nós que sentimos a responsabilidade de garantir a segurança dos cidadãos", afirmou.
Armindo Luz também questionou o descompasso entre o investimento em electrificação rural e a falta de manutenção da rede de iluminação pública.
“Como é possível que, depois de tanto investimento, a EDEC não tenha condições para substituir uma lâmpada? Este é um problema de responsabilidade da EDEC, que precisa de se reunir com o Ministério da Energia e encontrar soluções", criticou.
O novo presidente da câmara municipal, já eleito, afirmou que a sua prioridade será, resolver o problema da iluminação publica e prometeu pressionar a EDEC pela reposição das lâmpadas e reparação dos balastros danificados.
LFS/HF
Inforpress/Fim
Partilhar