Assomada, 20 Jan (Inforpress) – O vereador de Cultura da Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago lamentou hoje a “perda de expressão” da data de 20 de Janeiro no seio dos santa-catarinenses e compromete trabalhar para mudanças.
Adilson Costa falava à imprensa após a cerimónia de homenagem aos heróis nacionais com a deposição de uma coroa de flores na estátua de Amílcar Cabral, na Praça Central de Assomada, pelo presidente da câmara, Armindo Freitas, e o presidente da Assembleia Municipal, João Brito.
Este responsável fez uma homenagem à memória do último combatente que faleceu em Santa Catarina, Fernando Tavares, mais conhecido como Toco, falecido a 13 de Setembro de 2024.
Sobre o 20 de Janeiro, disse que é por causa deste dia, desta data, que se comemora o dia da Independência de Cabo Verde, 05 de Julho.
Pois, reconheceu, foi por causa dos heróis nacionais e combatentes que se conseguiu libertar o povo cabo-verdiano do regime colonial, relembrando que a luta foi contra os colonos e não contra os portugueses.
Entretanto, lamentou que esta data esteja a perder alguma expressão ao longo do tempo, salientando que hoje é um dia que toda a comunidade santa-catarinense deveria se unir na Praça Central de Assomada, para a realização de diversas actividades, desde alvorada, para prestar homenagem aos heróis nacionais e a reconhecer o trabalho feito.
Tendo em conta a fraca afluência das pessoas no acto, como equipa camarária eleita e empossada recentemente, comprometeu-se nos próximos anos a fazer actividades com mais expressão, com momentos solenes, mas também envolvendo a sociedade.
Adilson Costa, relembrou que o município ainda tem quatro combatentes vivos e o intuito é trabalhar, dentro das competências da câmara, para que estes tenham “um melhor reconhecimento”, incluindo homenagens em vida.
Ainda no sector da cultura e da história do município, e mesmo de parte de história de Cabo Verde, considerou que Santa Catarina é um município com “muita história e revoltas”, anunciando que a autarquia vai criar agendas culturais e momentos que trazem à tona a expressão cultural e histórica do município, exemplificando com a Revolta dos Engenhos, Ribeirão Manuel, entre outras.
Todos os quatro combatentes vivos de Santa Catarina estiveram presentes e, à imprensa, Arlindo Borges considerou que esta é uma “data simbólica, inesquecível, que prevalece a memória e o sentimento de perda de um grande herói e pai da nacção cabo-verdiana”.
Assistir ao acto de homenagem simbólica foi considerado por este combatente como um momento de “grande alegria” e o reconhecimento de uma “longa caminhada” na luta pela libertação nacional.
Entretanto, lamentou o facto de os combatentes “não receberem o devido valor” por parte das entidades competentes.
Igualmente, Luís Furtado Mendonça, da localidade de Ilhéu, prestes a completar os 81 anos, congratulou-se com o acto simbólico, relembrando que ele, na altura da morte de Amílcar Cabral, se encontrava preso no Campo de Concentração do Tarrafal e só saiu a 10 de Maio de 1974.
Foi na sua localidade, continuou, que organizaram e receberam as grandes entidades que vieram da Guiné, além de ser o primeiro local onde içaram a bandeira do PAIGC, na altura.
Sobre a valorização dos combatentes, avançou que este é um aspecto que “deixa um pouco a desejar”, pois, quem foi para a luta não foi por interesses e nem pensando em ser melhor que os outros, mas que os responsáveis do país deveriam dar-lhes “mais reconhecimento e mais dignidade”.
O ato público de homenagem aos heróis nacionais e, em particular, ao grande obreiro da Luta de Libertação Nacional, Amílcar Cabral, contou com a presença de uma força do Comando de Santa Catarina da Polícia Nacional, dos Bombeiros Municipais, vereadores, deputados municipais e Combatentes da Liberdade da Pátria.
Celebra-se hoje, 20 de Janeiro, o Dia dos Heróis Nacionais em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, data que homenageia antigos combatentes da pátria. Amílcar Lopes Cabral nasceu a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, Guiné-Bissau, filho de pais cabo-verdianos, e foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, antes de ver os dois países (Cabo Verde e Guiné-Bissau) tornarem-se independentes.
MC/AA
Inforpress/Fim
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