Próximos cinco anos determinarão futuro do planeta - organização ambientalista WWF

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Próximos cinco anos determinarão futuro do planeta - organização ambientalista WWF
10/10/24 - 08:04 am

Lisboa, 10 Out (Inforpress) – A organização ambientalista World Wide Fund for Nature (WWF) avisou hoje que o que acontecer nos próximos cinco anos em termos de sustentabilidade determinará o futuro da vida na Terra.

“Temos cinco anos para colocar o mundo numa trajetória sustentável antes que as reações negativas da degradação da natureza e das alterações climáticas combinadas nos coloquem na encosta descendente de pontos de rutura descontrolados”, alerta a associação na edição deste ano do relatório “Índice Planeta Vivo”.

O relatório anual é compilado pela WWF há 15 anos e faz uma análise das tendências da biodiversidade global. A cada edição “assistimos a um maior declínio do estado da natureza e a uma desestabilização do clima e isto não pode continuar”, afirma a WWF no documento.

No documento deste ano a organização internacional salienta que há um risco real de fracasso, com “consequências quase impensáveis”, e que para manter um planeta vivo são precisas ações e mais esforços de conservação. É necessária, resume, uma transformação dos sistemas alimentares, energéticos e financeiros.

Lembrando que apesar do declínio da natureza houve populações que ou estabilizaram ou aumentaram em resultado de esforços de conservação, o documento salienta a importância das áreas protegidas (atualmente 16% das terras e 08% dos oceanos a nível global) e diz que os países precisam de alargar, melhorar, ligar e financiar adequadamente os seus sistemas de áreas protegidas, respeitando simultaneamente os direitos e as necessidades das pessoas afetadas.

A WWF defende que é preciso mudar o sistema alimentar mundial, “intrinsecamente ilógico”, porque “está a destruir a biodiversidade, a esgotar os recursos hídricos mundiais e a alterar o clima, mas não está a fornecer a nutrição de que as pessoas necessitam”.

A produção alimentar “é um dos principais fatores de declínio da natureza: utiliza 40% de toda a terra habitável, é a principal causa da perda de habitats, representa 70% da utilização da água e é responsável por mais de um quarto das emissões de gases com efeito de estufa”, refere o relatório.

A solução passa, diz a WWF, por produzir mas respeitando a natureza, consumir-se menos carne e mais vegetais, reduzir a perda e o desperdício de alimentos e promover sistemas alimentares sustentáveis.

No setor energético, o principal fator das alterações climáticas, é preciso uma transição rápida, ecológica e justa. Nos próximos cinco anos é preciso triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética e eletrificar 20 a 40% dos automóveis ligeiros.

E depois, enfatiza ainda a WWF, é preciso transformar o sistema financeiro, reorientando o financiamento.

A nível mundial, mais de metade do PIB (55%) - cerca de 58 biliões de dólares - depende moderada ou fortemente da natureza e dos seus serviços. No entanto, “o nosso sistema económico atual valoriza a natureza quase a zero, conduzindo a uma exploração insustentável dos recursos naturais, à degradação ambiental e às alterações climáticas”, diz a WWF no Índice.

Subsídios e incentivos que alimentam as crises da natureza e do clima representam quase sete biliões de dólares por ano, mas os fluxos financeiros para soluções baseadas na natureza são 200 mil milhões de dólares.

“Redirecionando apenas 7,7% dos fluxos de financiamento negativo, poderíamos colmatar o défice de financiamento para soluções baseadas na natureza e obter benefícios para a natureza, o clima e o bem-estar humano”, diz a WWF.

E ainda segundo o relatório há outros números para reflexão: o financiamento global para o setor da energia é cerca de 1,3 biliões de dólares, valores de 2021/22. Mas são precisos nove biliões anuais até 2030.

Do mesmo modo, a transição para um sistema alimentar sustentável custa 390 a 455 mil milhões de dólares anuais. Mas é menos do que os governos gastam em subsídios agrícolas prejudiciais para o ambiente.

Inforpress/Lusa

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