Primeiro-ministro francês demite-se horas depois de anunciar novo Governo

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Primeiro-ministro francês demite-se horas depois de anunciar novo Governo
06/10/25 - 10:18 am

Paris, 06 out (Inforpress) – O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, apresentou hoje a sua demissão ao Presidente, Emmanuel Macron, que a aceitou, anunciou o Palácio do Eliseu num comunicado, mergulhando a França num novo impasse político.

Nomeado em 09 de Setembro, Lecornu foi alvo de críticas por parte dos opositores e da direita depois de revelar parte do seu Governo na noite de domingo, o terceiro num ano.

Lecornu deveria apresentar a sua declaração de política geral à Assembleia Nacional francesa na terça-feira.

A demissão de Lecornu abriu caminho para diferentes cenários, incluindo a convocação de eleições antecipadas em França.

Os ministros em exercício cancelaram hoje as suas agendas, alguns deles fora de Paris, como o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, aguardando o desfecho da nova situação.

Tudo isto ocorreu apenas 13 horas depois de o Presidente da República ter anunciado, no domingo à noite, a composição de um Governo em que Lecornu estava a trabalhar desde a sua nomeação em 09 de Setembro, após a queda do seu antecessor, François Bayrou.

Por trás da surpreendente demissão de Lecornu está a posição de um dos seus aliados, o partido conservador Republicanos, cujo líder, Bruno Retailleau, manifestou no domingo à noite a sua insatisfação com a composição do novo Governo, no qual esperava ter uma maior presença. Retailleau havia convocado para hoje uma reunião do seu partido para decidir se abandonava o Governo.

A escolha de ministros por parte de Lecornu foi criticada particularmente pela sua decisão de trazer novamente o ex-ministro das Finanças, Bruno Le Maire, para o Ministério da Defesa. Outros cargos importantes permaneceram praticamente inalterados em relação ao anterior gabinete.

Esta ameaça dos Republicanos de abandonar o Executivo, a concretizar-se, tornaria praticamente impossível a sua continuidade do Governo de Lecornu, dado que não tinha maioria parlamentar.

Da oposição, o primeiro a reagir foi o presidente do partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês), Jordan Bardella, que apelou a Macron que dissolvesse a Assembleia Nacional após a demissão de Lecornu.

"A estabilidade não pode ser restaurada sem o regresso às urnas e a dissolução da Assembleia Nacional", declarou Bardella à chegada à sede do partido de Marine Le Pen.

"A contagem decrescente começou. Macron precisa de sair", declarou Mathilde Panot, líder do grupo da Assembleia Nacional do partido de extrema-esquerda França Insubimissa nas redes sociais, depois de ter registado a derrota de "três primeiros-ministros em menos de um ano" no comando do Governo.

Inforpress/Lusa/Fim

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