Presidente do Governo açoriano defende “Pacto Atlântico Ibero-Americano”

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Presidente do Governo açoriano defende “Pacto Atlântico Ibero-Americano”
12/11/25 - 03:34 pm

Ponta Delgada, Açores, 12 Nov (Inforpress) – O presidente do Governo açoriano, José Manuel Bolieiro, defendeu hoje a criação de um "Pacto Atlântico Ibero-Americano", focado na governação comum dos recursos culturais e naturais, com os Açores a assumirem um papel ativo.

“Um dos grandes desafios que temos pela frente será, sem dúvida, a concretização de um verdadeiro ‘Pacto Atlântico Ibero-Americano’, focado na governação comum dos nossos recursos de identidade cultural e de natureza”, afirmou José Manuel Bolieiro, que participou, à distância, na abertura da IV Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (CILPE2025), que decorre na cidade da Praia, organizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).

Na sua intervenção, proferida via audiovisual, o chefe do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) sublinhou que os Açores, pela sua “posição histórica e geográfica ímpar”, enquanto região europeia mais próxima das Américas, têm "todo o empenho e determinação em exaltar este processo e ser parte ativa na afirmação deste desígnio, caso seja esse o desejo de todos os parceiros".

O governante açoriano destacou o papel da Macaronésia, que integra os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, como “ponte cultural, científica e económica entre continentes”.

“O Oceano Atlântico é o eixo geoeconómico e geoestratégico que nos une. A sua gestão sustentável, por nós acompanhada, torná-la-á mais segura e perene. Disso devemos fazer um imperativo mobilizador da nossa coesão”, afirmou o chefe do executivo açoriano, citado numa nota divulgada pelo Governo Regional.

Os Açores "são parte fundadora e integrante desta comunidade de arquipélagos atlânticos juntamente com os nossos irmãos de Cabo Verde, das Canárias e da Madeira. O oceano que partilhamos não nos separa, une-nos. E nesta rede de ilhas que desenha as rotas do Atlântico, o arquipélago dos Açores assume uma posição geoestratégica absolutamente singular", vincou.

O presidente do Governo Regional sublinhou também a relevância das línguas portuguesa e espanhola, que "representam uma comunidade de quase 850 milhões de falantes", como "um ativo extraordinário".

"Por isso, compreendemos de forma muito particular a importância dos temas centrais que aqui nos reúnem. O lema — Multilinguismo, Interculturalidade, Cidadania — capta perfeitamente os desafios do nosso tempo", assinalou José Manuel Bolieiro.

No seu discurso, o presidente do Governo Regional alertou para os desafios "num mundo em acelerada mudança, com sérios riscos de retrocessos civilizacionais, atávicos e isolacionistas, repletos de fobias inaceitáveis" e sublinhou a importância da cooperação entre os "espaços linguísticos ibéricos" na resposta "aos desafios modernos" da inteligência artificial e da emergência de práticas de desenvolvimento sustentável.

"Os debates que aqui terão lugar sobre a geopolítica das línguas, a mobilidade e a economia criativas são cruciais para desenharmos linhas de ação conjunta", defendeu, reafirmando "o total empenho do Governo dos Açores nos valores e objetivos" desta conferência.

Para José Manuel Bolieiro, esta conferência sobre multilinguismo "pode e deve ser" um "pilar essencial para este desafio de âmbito geopolítico" e lembrou os fortes laços que unem Cabo Verde aos Açores, onde reside uma expressiva comunidade cabo-verdiana.

Realçou a importância da escolha de Cabo Verde para a realização do evento, considerando ser "o reconhecimento justo" do papel do arquipélago cabo-verdiano como "uma nação de diálogo e um exemplo vivo de interculturalidade".

A iniciativa reúne mais de 70 especialistas de 12 países, que, ao longo de vários dias, debatem o papel das línguas portuguesa e espanhola no mundo contemporâneo, bem como a valorização das línguas autóctones e da diversidade cultural. A realização na Praia coincide com os 75 anos de existência da OEI e o 50.º aniversário da independência de Cabo Verde.

Inforpress/Lusa

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