Presidente da UCID diz que independência é “marco histórico” de liberdade e autodeterminação

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Presidente da UCID diz que independência é “marco histórico” de liberdade e autodeterminação
30/05/25 - 03:09 pm

Mindelo, 30 Mai (Inforpress) - O presidente da UCID considera a independência um “marco histórico” de liberdade e autodeterminação, mas defende que, face aos recursos disponíveis nas últimas cinco décadas, Cabo Verde já devia ter atingido um nível de desenvolvimento mais elevado.

“A independência significou, do nosso ponto de vista, a liberdade, responsabilidade e autodeterminação”, precisou João Santos Luís, que falava à Inforpress, no âmbito da celebração do cinquentenário da independência, assinalado a 05 de Julho.

O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou que o país já devia apresentar um nível de desenvolvimento económico e social mais elevado, perante os apoios que o arquipélago tem beneficiado ao longo das últimas décadas.

Para João Santos Luís, a independência significou que os cabo-verdianos passaram a ser responsáveis pelo seu próprio destino, sendo que um povo independente deve ter condições para, com os seus próprios meios, planear e implementar estratégias para o desenvolvimento harmonioso do país.

Salientou que a luta pela independência foi um “marco colectivo e decisivo” que permitiu a Cabo Verde trilhar um caminho próprio de progresso, sustentado também por parcerias e acordos com países amigos.

No entanto, o presidente da UCID considerou que o país “está aquém do potencial” que poderia ter alcançado.

“Nós avançamos muito desde 1975, mas, com os recursos disponíveis ao longo dos anos, Cabo Verde podia estar muito mais avançado”, apontou, sublinhando que a evolução tem sido lenta e que actualmente o país ainda importa quase tudo o que consome.

João Santos Luís criticou o regime monopartidário que vigorou nos primeiros 15 anos após a independência, sublinhando que a UCID surgiu, em 1978, como resposta à necessidade de abertura política e pluralismo democrático.

Realçou o papel do seu partido na transição para a democracia e a realização das primeiras eleições pluripartidárias em 1991.

Apontou que nas últimas décadas, os sucessivos Governos liderados pelo PAICV como o MpD tiveram “recursos significativos” durante os seus mandatos, mas o desenvolvimento conseguido “ficou aquém das expectativas” dos cabo-verdianos.

“Com os montantes que tinham à disposição, podiam ter feito muito mais”, disse, referindo-se “aos cerca de 600 milhões de contos do PAICV” em 15 anos e aos “cerca de 400 milhões do MpD”, entre 2016 e 2021.

“Os desafios actuais ainda se prendem com uma aposta em medidas assertivas no tocante ao serviço do transporte público de passageiros e cargas entre as nossas ilhas e é preciso também repensar na promoção da regionalização do país para aproximar o poder político das regiões e dos cidadãos”, precisou.

Entretanto, destacou a necessidade de uma aposta estratégica nos sectores primário e secundário da economia, com investimentos em agricultura, pesca, pecuária e transformação de produtos nacionais.

Defendeu igualmente reformas estruturais, nomeadamente a regionalização, a redução do número de deputados, e a diminuição da estrutura do Governo e dos institutos públicos, para libertar recursos e investir em saúde, educação e transportes inter-ilhas.

João Santos Luís criticou o “elevado custo de vida”, especialmente nas ilhas do Sal e da Boa Vista, e apelou à renegociação de convénios com investidores estrangeiros, de forma a garantir melhores condições de trabalho e salários para os cabo-verdianos.

O presidente da UCID frisou ainda que o partido, desde que entrou no parlamento, em 2006, tem contribuído com “propostas e ideias relevantes” para o desenvolvimento do país, mas lamentou que os governos de maioria absoluta “ignorem o diálogo” com as forças políticas da oposição.

João Santos Luís concluiu que a independência “valeu a pena” por ter permitido que os cabo-verdianos assumissem o controlo do seu futuro, contudo, alertou, após cinco décadas os desafios são outros e exigem soluções “urgentes e eficazes”.

Para tal, propõe um “novo equilíbrio” político, que promova consensos e crie condições para um crescimento “robusto e sustentável”, que melhore verdadeiramente as condições de vida da população.

AV/ZS

Inforpress/Fim

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