Praia: Evy Amado homenageia mulheres e cultura africana com exposição sobre tranças

Cidade da Praia, 24 Jun (Inforpress) – A artista plástica Evy Amado inaugurou hoje, na Praia, uma exposição de pintura que retrata a tradição do pentear e das tranças, destacando a sua importância cultural nas sociedades africanas e a ligação com a história da independência.

Inserida nas comemorações dos 50 anos da Independência, a exposição está patente na sala do munícipe da Câmara Municipal da Praia, no Platô, até segunda-feira, 30.

Em declarações à imprensa, Evy Amdado explicou que a exposição retrata o pentear e as tranças, práticas ancestrais com forte carga simbólica nas sociedades africanas.

“O pentear é uma forma de mostrar o que há dentro da cabeça. É uma tradição muito antiga, não só em Cabo Verde, mas desde criança a gente aos finais de semana tem esse ritual de trançar o cabelo. E foi algo que eu percebi também que existe no Brasil, durante o meu tempo que estive lá”, aclarou a artista.

Segundo Evy Amado, a mostra visa destacar a beleza e a importância das tranças para as populações africanas, bem como reflcetir sobre o papel das mulheres na luta pela independência.

“Quando falamos da independência, muitas vezes deixamos as mulheres para trás. Falamos muito dos combatentes, do Amílcar Cabral, Pedro Pires, mas esquecemos que também as mulheres tiveram um papel importante durante a luta. Então é uma forma também de mostrar que contribuímos muito e continuamos a contribuir. E a trança é basicamente feminina em Cabo Verde, então é uma forma de homenagear também as mulheres”, afirmou.

A artista destacou ainda a importância da arte como instrumento de preservação e transmissão da memória histórica, perspectivando que o público venha se identificar com os temas abordados.

Uma característica marcante das obras em exposição é a ausência de olhos nas figuras retratadas

“Os meus quadros, as pessoas não têm olhos porque estamos numa era muito digital, muito visual. Somos bombardeados o tempo todo com uma quantidade enorme de imagens e, muitas vezes, acabamos vendo muito e observando pouco. Então é uma crítica também a isso, para que possamos analisar melhor, ouvir mais, tocar mais e não só ver sem observar”, alertou.

Com três anos de percurso nas artes plásticas, Evy Amado nota uma clara evolução no seu trabalho, não só na técnica, mas também no perceber artístico, no que retrata e no que apresenta às pessoas.

A artista revelou ainda estar a preparar uma nova exposição, intitulada “Mulheres da Independência”, que pretende retratar figuras femininas que desempenharam papéis relevantes nos processos de independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

O trabalho será apresentado em Setembro, mês que se comemora o nascimento de Amílcar Cabral.

TC/CP

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